Confirmado motivo antissemita em profanação de cemitério judeu



A motivação de natureza antissemita na profanação de um cemitério judeu, no nordeste da França, foi confirmada, após o interrogatório dos cinco adolescentes suspeitos de serem os autores do ataque, declarou o procurador de Saverne, Philippe Vannier, na quarta-feira (18/02).

"Apesar das negativas dos envolvidos, a conotação e a motivação antissemitas de seu comportamento aparecem, agora, claramente", em vista dos elementos coletados na investigação, afirmou o procurador Vannier, que obteve a denúncia dos adolescentes.

Em um primeiro momento, os suspeitos negaram o fato, alegando não saber que eram túmulos judeus. Além disso, disseram acreditar que o cemitério estava abandonado.

À noite, depois de serem levados a um juiz de instrução, os cinco menores foram presos por "profanação, ou violação" de sepulturas, "em razão do pertencimento dos falecidos a uma determinada religião" e por "degradações voluntárias de bens destinados à utilidade pública", conforme solicitação da Procuradoria.

O grupo foi colocado sob custódia policial. Eles estão proibidos de viajar para Sarre-Union, a localidade onde os fatos ocorreram. Quatro deles serão encaminhados para um centro educacional, enquanto o quinto foi entregue a uma pessoa "digna de confiança".

Os detidos, com idades entre 15 e 17 anos, são todos originários da região e sem antecedentes judiciais, informou o procurador. Ele explicou que um dos garotos se apresentou espontaneamente à polícia, após a grande repercussão do caso na imprensa, para confessar que participou dos fatos e entregou o nome dos outros.

O procurador disse que 250 túmulos foram danificados. "A maioria dos danos é de lápides derrubadas, ou colunas arrancadas. Algumas sepulturas foram abertas, sem que se atentasse contra os defuntos", afirmou. Segundo ele, também foi danificado um monumento em memória das vítimas da deportação, que se encontra na entrada do cemitério.

Os atos de vandalismo foram cometidos na quinta-feira, 12 de fevereiro. Depois dos ataques de que foi vítima a comunidade judaica em Copenhague, no fim de semana, e em Paris, há um mês, a profanação do cemitério judeu de Sarre-Union deflagrou uma onda de condenações na França.

Trata-se do ato mais grave desde a profanação por "skinheads" de um cemitério judeu em Carpentras (sul do país), em 1990. O presidente francês, François Hollande, garantiu que os judeus têm seu lugar na Europa e, particularmente, na França, em resposta ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que pediu que os judeus europeus imigrem para Israel.

"Não deixarei que palavras pronunciadas em Israel deixem pensar que os judeus não têm seu lugar na Europa e na França", declarou Hollande. No domingo, Netanyahu pediu aos judeus europeus que imigrem para Israel depois do atentado contra a principal sinagoga de Copenhague que deixou um morto.

"Novamente um judeu europeu perdeu a vida por ser judeu, e esse tipo de atentado se repetirá", advertiu Netanyahu, assegurando que seu país está "preparado para acolher uma imigração em massa procedente da Europa". Os judeus da Dinamarca agradeceram ao premiê pelo convite, mas rejeitaram a oferta de imigrar para Israel.

"Estamos muito agradecidos pela amabilidade do senhor Netanyahu, mas, dito isso, somos dinamarqueses, somos judeus dinamarqueses e não é o terror que nos fará ir para Israel", declarou à AFP o porta-voz da comunidade judaica da Dinamarca, Jeppe Juhl.

Um jovem judeu perdeu a vida do lado de fora da sinagoga de Krystalgade, a mais importante de Copenhague. O rapaz teria sido vítima do mesmo homem que, mais cedo, havia atacado um centro cultural onde acontecia um debate sobre Islã e liberdade de expressão. Uma pessoa morreu.





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