Muçulmanos mantêm planos de expansão no Brasil de sua fé
Apesar dos atentados dos
terroristas do Estado Islâmico e da Al Qaeda, que acabam afetando a imagem do
islamismo como religião de paz, as lideranças islâmicas no Brasil não
desistiram dos planos de ampliar aqui a divulgação de sua fé e obter novos
seguidores.
Nasser Fares, presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana e administrador da
Mesquita Brasil, afirmou ao jornal Valor Econômico que se mantêm de pé os planos
para a criação de uma revista e de uma TV, de modo a levar a mensagem islâmica
a mais brasileiros e ampliar os espaços de oração.
A Mesquita Brasil é a mais antiga da América Latina. Nos dias de oração, às
sextas-feiras, ela fica lotada por 600 fiéis. Cada um deles é estimulado a
doar o zakat (equivalente ao dízimo das religiões cristãs), que
corresponde a 2,5% dos rendimentos líquidos. A arrecadação é utilizada na
manutenção da mesquita e na ajuda a pobres.
Os dados do Censo do IBGE de 2010 mostram que naquele ano havia no Brasil
35.167 muçulmanos. Mas de acordo com dados de entidades islâmicas, o número de muçulmanos no
Brasil seria de pelo menos 1,2 milhão. Não há detalhes sobre esse levantamento.
Parte do contingente de muçulmanos no Brasil se deve à entrada no país de
pessoas que vêm de regiões de conflitos. Registros da Agência das Nações Unidas para Refugiados revelam que de janeiro
de 2010 a outubro de 2014 o total de 1.524 sírios obtiveram asilo político no
Brasil.
Na medida do possível, organizações islâmicas têm providenciado alimentos,
roupas e moradia a esses refugiados, até que arrumem emprego.
Fares disse que o governo brasileiro, além de liberar o visto de entrada,
deveria ajudar ps sírios e demais refugiados a se fixarem no país. "Mas
não temos um canal de comunicação com o governo. Não sabemos a quem
procurar."
Ali Zoghbi, vice-presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil,
admitiu que a repercussão dos atentados dos radicais islâmicos podem ter
efeitos negativos no Brasil. Em São Paulo, por exemplo, uma muçulmana foi alvo
de uma pedrada, que machucou a perna dela.
Zoghbi argumentou que islamismo tem 1,8 bilhão de seguidores no mundo e que é
um erro e falácia reduzi-lo a um bando de marginais. A federação tem sede em São Paulo e congrega 45 das 98 entidades islâmicas do
Brasil.
Para os muçulmanos, não existe conversão ao islamismo, mas “reversão” porque
eles acreditam que todas as crianças já nascem obedientes a Deus. O significado
da palavra “Islã” é submissão a Deus.
Na puberdade, a partir da primeira ejaculação e menstruação, entre 9 e 15 anos,
os jovens deixam de ser puros e precisam se “reverterem” para o Islã, através
das práticas determinadas pelo Alcorão. É a partir dessa época que as
adolescentes precisam usar véu.
As “reversões” são mais frequentes entre 20 e 40 anos de idade, segundo
estudos. A antropóloga Lídice Meyer Pinto Ribeiro, professora de religião na
Universidade Presbiteriana Mackenzie, afirmou que o islamismo, apesar de ser
uma religião conservadora, está atraindo os jovens em decorrência talvez de uma
crise de valores éticos.
Assim, segundo ela, os jovens passaram a buscar no conservadorismo religioso o
que “as gerações anteriores falharam em transmitir”. O jornalista João Luiz Rosa apurou que no Brasil há muçulmanos em todas as
regiões e classes sociais.
A mais conhecida concentração de muçulmanos fica em Foz do Iguaçu, mas a
tendência de crescimento está migrando para as regiões periféricas de grandes
centros, como bairros do Grande ABC paulista.
Fonte: http://www.paulopes.com.br
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