Defensor da dignidade dos deficientes vence prémio Templeton - Por Filipe d’Avillez



“São pessoas de coração. Não têm uma agenda escondida de busca de poder ou de sucesso”, afirmou sobre os portadores de deficiência.  

Jean Vanier, fundador das comunidades A Arca e do movimento Fé e Luz, que dedicou a sua vida à promoção da dignidade das pessoas com deficiência mental, venceu esta quarta-feira o prémio Templeton, uma das mais importantes distinções internacionais na área da religião. 

Nascido na Suíça, em 1928, Vanier começou o seu apostolado em 1964 quando convidou dois portadores de deficiência para viver com ele. Essa semente viria a transformar-se no movimento L’Arche, ou A Arca, onde deficientes e pessoas sem deficiência vivem em comunidade. Actualmente existem, em todo o mundo, 147 comunidades da Arca. 

Vanier também esteve na génese da fundação do movimento Fé e Luz, um grupo de apoio para deficientes e famílias que procura estimular e trabalhar a vertente espiritual dos deficientes. O movimento está presente em 82 países, incluindo Portugal. 

Questionado sobre a sua devoção às pessoas deficientes mentais, descreveu-as da seguinte maneira: “Essencialmente são pessoas do coração. Quando conhecem outras pessoas não têm uma agenda escondida de busca de poder ou de sucesso. O seu grito, o seu grito fundamental, é um apelo à relação, um encontro de corações. É este encontro que os desperta, que os abre à vida e que os chama a amar em grande simplicidade, liberdade e abertura”. 


Falando numa conferência de imprensa, em Londres, Vanier prosseguiu: “Quando as pessoas que vivem numa cultura de ganho e de sucesso individual os conhecem de facto, e entram em relação com eles, acontece uma coisa incrível e maravilhosa. Também elas se abrem ao amor e até a Deus. São mudadas a um nível muito profundo. São transformadas e tornam-se mais humanas”. 

O prémio Templeton é atribuído pela fundação John Templeton e tem por objectivo distinguir pessoas que tenham feito “contribuições excepcionais” para a afirmação da dimensão espiritual da vida. 

O prémio tem o valor de cerca de 1,8 milhões de euros. Vanier já afirmou que vai doar a totalidade do dinheiro às instituições com as quais trabalha, para poderem expandir o seu trabalho.



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