Frei Betto faz críticas ao governo Dilma em Salvador – Por Davi Lemos
Frei Betto, frade dominicano e
escritor, voltou a fazer críticas nesta sexta-feira, 27/03, às políticas adotadas
pela presidente Dilma Roussef (PT) no início do segundo mandato.
"Se um
brasileiro tivesse agonizado em agosto (de 2014) e tivesse acordado agora, ele
ia dizer: Aécio ganhou", comentou o religioso, que foi assessor do ex-presidente
Lula entre 2003 e 2004 e coordenador de mobilização social do programa Fome
Zero.
O religioso, que palestrou nesta
sexta na arena do Teatro Sesc/Senac, no Pelourinho, dentro da programação do
Festival do Sagrado, ressaltou que sua crítica é mais à esquerda, apontando que
seus protestos estão mais ligados às manifestações de 2013 que às que ocorreram
no último dia 15 de março. Ele disse que o erro do governo foi não ter
investido em bens sociais.
"Afirmou-se que não havia dinheiro para pôr em
transporte público", exemplificou. "Mas aí apareceram as 12 arenas
para a Copa das Confederações, e a mentira apareceu".
Frei Betto também criticou o
corte de R$ 14 bilhões na educação, apontando, com ironia, que o lema do
segundo mandato de Dilma é "pátria educadora". O religioso da Ordem
dos Pregadores disse ainda que considera todas as manifestações altamente
positivas.
"Houve um acirramento da polaridade, entre aqueles que apoiam o
governo e aqueles que o criticam", comentou. Mas pontuou que os opositores
foram mais inteligentes ao convocar seu ato para um domingo, quando as pessoas
e as ruas estão livres.
Mas, sobre os protestos, pontuou:
"O que mais me chama a atenção é como as manifestações são de protesto e
não têm proposta". Frei Betto disse que saiu do governo Lula após o
esvaziamento do programa Fome Zero, que ele classificou como realmente
emancipador. "O Bolsa Família é um bom programa, mas não é
emancipador", comentou.
Comentando a situação da América
Latina, o religioso disse que a crise vivida atualmente na Venezuela, onde
membros da oposição chegam a ser presos ou mortos, é resultado de uma carência
de formação política da esquerda.
"Há eleitores, filiados, apoiadores, mas
não há militantes". Ele diz que o segundo erro foi administrativo, pois não
se criou condições de sustentabilidade para as políticas sociais. "Isso
ocorre agora também no Brasil, e os cortes atingem os mais pobres",
pontuou Betto.
Igreja Católica
No âmbito da Igreja Católica, ele
diz que há um momento de mudança. Mas comentando as recentes elevações aos
altares do papa João Paulo II e do bispo de San Salvador Dom Óscar Romero,
opinou:
"Respeito muito o papa Francisco, mas não considero o papa João Paulo
II um exemplo de santidade, mas há quem o considere. Porém Óscar Romero foi
fundamental. Ao beatificar Oscar Romero há um reconhecimento explícito, uma
sacramentalização da Teologia da Libertação".
O dominicano Frei Betto é, ao
lado de teólogo Leonardo Boff, um dos maiores expoentes desta teologia, também
chamada de Teologia Latino-americana. Entretanto Dom Oscar Romero, agora
beatificado, foi amigo de São Jose maria Escrivá, fundador do Opus Dei,
considerado um dos movimentos mais conservadores dentro da Igreja, e que foi
elevada a prelazia pessoal do papa, justamente no pontificado de João Paulo II.
Fonte: http://atarde.uol.com.br
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