Manuel Augusto insta Comunidade Internacional a proteger minorias étnicas e religiosas
O secretário de Estado das
Relações Exteriores, Manuel Augusto, instou sexta-feira, em Nova Iorque, a
Comunidade Internacional e o Conselho de Segurança da ONU, em particular, a
empreender acções práticas para conter o extremismo violento, a intolerância
religiosa e étnica, que vêem perigando a sobrevivência das minorias.
Discursando no debate aberto do
Conselho de Segurança sobre as vítimas de ataques e de abusos com base
religiosa ou étnica no Médio Oriente, o dirigente advertiu que a perseguição
brutal das minorias por parte de extremistas e grupos terroristas poderá
provocar a desintegração do tecido social dessas comunidades e dos seus países.
“Assassinatos selectivos,
conversões religiosas forçadas, sequestros, despejos forçados, escravidão,
abuso sexual e físico e tortura com base na etnia ou religião está a ter um
efeito desastroso sobre (...) os povos afectados”, alertou, manifestando
preocupação com o rápido avanço de grupos militantes radicais, como o Daesh no
Iraque, na Síria e noutras partes do Médio Oriente e no Norte de África.
Citou a Síria, o Iraque, a Líbia,
o Sudão do Sul e a República Centro Africana como alguns dos países em que a
comunidade internacional está confrontada com a falta de capacidade rápida e
efectiva para proteger e responder às necessidades humanitárias das minorias
étnicas e religiosas.
De acordo com Manuel Augusto,
nenhuma das convenções, declarações ou resoluções aprovadas pelo Conselho de
Segurança das Nações Unidas, parecem ter o efeito desejado em lugares onde há
guerra e ocorrem os abusos mais flagrantes dos direitos humanos.
“Esses documentos normativos
tendem a perder peso sem uma forte vontade política por parte do Conselho de
Segurança para impor as suas decisões por todos os meios necessários”,
ressaltou o governante, que esteve acompanhado pelo Representante Permanente
junto das Nações Unidas, embaixador Ismael Gaspar Martins, e pelo embaixador
nos Estados Unidos da América, Agostinho Tavares.
Advogou que além do uso da força,
a ameaça representada pelos extremistas radicais tem de ser acompanhada por uma
resposta ideológica clara, principalmente através das tecnologias de
comunicação, contrariando a sua propaganda em cada posição, e reduzindo a sua
capacidade de mobilizar jovens para os seus objectivos sinistros.
A promoção de uma cultura de
tolerância, a inclusão e o entendimento comum foram considerados pelo
Secretário de Estado angolano como elementos-chave para garantir a coexistência
entre os seres humanos, lamentando que a propagação perigosa da ideologia
jihadista salafista periga este desiderato e cria um ambiente de desconfiança e
intolerância que só origina mais conflitos.
Disse que a "Primavera
Árabe" ocorrida em 2011 na maioria dos países árabes, com um massivo
movimento popular exigindo justiça e democracia, não conseguiu produzir efeitos
positivos, causando tumulto e guerra civil, uma vez que a revolução,
principalmente liderada por jovens que buscavam mudanças positivas nas suas
sociedades, foi sequestrada por radicais como o Estado Islâmico e do Levante
(ISIL).
“Mais uma vez, a nossa resposta
foi um fracasso absoluto: em vez de apoiar as forças da paz, a democracia e os
defensores da mudança pacífica, a escolha foi feita a favor de uma política de
mudança de regime, com o fornecimento de armas a grupos de oposição só porque
eram contra o regime”, censurou.
Segundo Manuel Augusto, essa
atitude teve consequências desastrosas, como testemunham, por exemplo, os
acontecimentos na Síria e na Líbia, países onde ocorre uma franca ascensão do
Daesh e do ISIL, fazendo com que o tecido social e político quebrado dessas
nações não possa ser corrigido com a oferta de mais armas e a alimentação do
conflito.
Durante a reunião, presidida pelo
Ministro dos Negócios Estrangeiros da França, Laurent Fabius, o
Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, anunciou que a ONU está a
desenvolver um "Plano de Acção sobre Prevenção do Extremismo
Violento", a ser lançado em Setembro deste ano.
Fonte: http://www.portalangop.co.ao
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