Famílias amazonenses transmitem as tradições de Páscoa para os filhos – Por Rosiel Mendonça
Pais de diferentes famílias e
religiões comemoram a Páscoa com seus filhos, transmitindo crenças e costumes
antigos.
A Páscoa é daquelas datas bem
familiares, tempo de reforçar os laços com os mais próximos e com a própria
religiosidade. Para católicos como a dentista Morgana Abreu, o sentido da data,
que marca a morte e ressurreição de Jesus Cristo, é um valor a ser transmitido
ainda na infância. Ela é mãe do pequeno Vinicius Matheus, de 4 anos, que desde
cedo aprendeu que a Páscoa não se resume só ao coelhinho ou aos ovos de
chocolate.
“Tentamos equilibrar as duas
coisas, o sentido cristão e o lado comercial também. Somos católicos e
frequentamos a igreja, então estamos sempre levando o Vinicius para a missa.
Durante a Semana Santa, mostramos para ele desenhos e lemos historinhas sobre a
Páscoa, então é assim que vamos trabalhando essa questão”, conta ela, que
divide a tarefa com o marido Diego Cavalcante.
Os dois se conheceram na época em
que eram catequistas, então o jeitinho especial para falar de religião vem de
longe. “Ele ainda não entende muito porque o papai do céu está lá na cruz, mas
vai assimilando do jeito dele”, completa Morgana.
Segundo ela, a Páscoa também é o
momento de reunir a família (que é pequena) para fazer um “volumezinho maior”.
“Depois da missa de Páscoa normalmente nos reunimos num almoço na casa da minha
mãe, onde ele encontra os priminhos e priminhas. Aí pintamos as crianças de
coelhinho e organizamos atividades para eles se divertirem, como caça aos ovos
de chocolate. O Vinicius já nasceu no meio da brincadeira. É gostoso porque
estamos juntos”.
A dentista conta que o momento
preferido do filho durante a época ainda envolve os ovos de chocolate. Ela diz
que não tem como fugir disso, porque é o que ele vê em todo lugar.
“O que ele
mais acha interessante é poder decorar o próprio ovo. Tem vezes que ele pede só
para decorar, não é nem para comer. Ele enfeita do jeito dele e depois bota na
geladeira de volta”. A mãe só toma o cuidado de evitar que Vinicius coma várias
vezes ao dia. “Prefiro dar sempre depois do almoço ou depois do jantar, e se
possível intercalando com o meio amargo”.
Pessach
Em 2015, como poucas vezes
acontece, a Páscoa cristã coincide com a judaica, que começou na sexta-feira à
noite e dura oito dias. Ao contrário da primeira, no entanto, a Pessach, muito
mais antiga, celebra a passagem dos hebreus da condição de povo escravo a
liberto no Antigo Egito. É a milenar história do Êxodo e de Moisés, que
conduziu os antepassados dos judeus pelo deserto durante 40 anos. E foi
justamente durante a Pessach que Jesus, também judeu, viveu a sua Paixão.
“No primeiro dia, toda família
judia se reúne para um jantar, o chamado Sêder de Pessach, em que é feita a
leitura dos textos sobre a libertação do Egito. Já o segundo Sêder, neste
sábado, é um jantar comunitário no Clube Hebraica”, conta a Relações Públicas
Lúcia Assayag, mãe de Mendel (16) e Uriel (14), que na religião já são
considerados homens. “Essa é uma tradição que se aprende desde pequeno para
eles não esquecerem o que ocorreu com os antepassados e para não deixar que
ocorra no futuro”.
Segundo ela, é natural as
crianças judias se envolverem na preparação para a Pessach. “Desde pequenos
meus filhos participam de todo o processo de limpeza da casa, trocamos louça,
trocamos tudo. Retiramos tudo que é considerado chametz, qualquer coisa à base
de fermento, trigo e cereais proibidos”.
O ovo não é o principal
Quando era criança, a advogada
Marjorye Garcia costumava procurar ovinhos de Páscoa escondidos em casa pelo
pai dela, e essa é uma tradição que será passada para a filha Malu, de um ano e
três meses. Porém ela sabe que o ovo de chocolate não é o principal da data.
“Gostamos de passar a Páscoa em
família ou de forma mais centrada e reflexiva em casa mesmo. Eu sou católica e
meu marido também, mas ele tem um entendimento mais espírita, então aqui em
casa somos multireligiosos”, diz.
“Nem sei quando ela vai começar a
ganhar ovo, mas sei que é importante para o universo infantil a explicação
sobre o coelhinho e tudo o mais, mas aos poucos também vamos introduzindo o
sentido religioso e espiritual da época”.
Fonte: http://acritica.uol.com.br
Comentários