Devoção à Apple já se tornou um culto religioso, explica pesquisadora
O lançamento do iPhone 6s e
iPhone 6s Plus na última sexta-feira (25/09) trouxe de volta uma realidade que
já estamos acostumados a ver todos os anos: basta a Apple trazer um novo
produto para que os fãs façam enormes filas em frente às lojas para ter a
novidade em mãos o quanto antes.
E, se para muitos isso é apenas
um fanatismo bobo, alguns especialistas vêem nesse comportamento o mesmo padrão
de qualquer outro culto religioso.
Pode parecer exagero, mas é
exatamente o que pensa a professora da Universidade de Nova York, Erica Robles-Anderson.
Ela é historiadora cultural e percebeu algumas similaridades entre essa devoção
do público e o que vemos em muitas religiões mundo afora.
E o maior exemplo disso foi o
entusiasmo das pessoas que esperavam o novo iPhone em frente à Apple Store em
Manhattan. Fãs aguardavam ansiosos em frente ao símbolo da Maçã e muitos
empunhavam ainda a biografia de Steve Jobs para deixar mais do que evidente sua
paixão por aquilo tudo. Na verdade, não é preciso ser nenhum estudioso para
fazer um paralelo com outras religiões, não é mesmo?
Para Robles-Anderson, esse tipo
de coisa caracteriza de maneira óbvia essa paixão como um culto. E ela explica
que a Apple sabe disso e usa essa ideia a cada lançamento de seus produtos,
fazendo com que a comunidade se sinta parte daquilo, quase como se estivesse
lutando contra algo.
O mesmo pode ser dito de suas
lojas. A pesquisadora diz que as grandes e pesadas portas das Apple Store não
fazem muito sentido em termos práticos, mas dão ao público a sensação de que
aquilo tudo é importante.
Em tese, é quase como pensar nas portas de uma
catedral: aquela grandiosidade faz com que você se sinta pequeno. E, ao entrar
no recinto, luzes e escadas conduzem você para algo acima.
Além disso, Robles-Anderson
destaca a relação das pessoas nesses ambientes. Segundo ela, o ato de ver e ser
visto por outros devotos faz parte dessa ideia do culto. E, como se não
bastasse, o atendimento dos funcionários é voltado para ser algo pessoal, como
se tudo ali girasse em torno do indivíduo.
Outro ponto que chama a atenção
em sua comparação é o modo como ela enxerga os chamados Genius, funcionários
das Apple Stores que demonstram a utilização de determinados dispositivos para
grupos de consumidores. De acordo com a pesquisadora, esse é o típico padrão de
qualquer líder religioso, como um padre ou pastor: é alguém que está ali para
instruir e colocá-lo no caminho proposto pelo culto.
Isso tudo parece forçado? Um
pouco, mas não há como negar que alguns pontos levantados por ela fazem muito
sentido. Essa ideia de que tudo o que a Apple faz é bom e que motiva muita gente
a correr atrás de cada produto é algo que a gente está acostumada a ver. E não
se trata apenas de não questionar se aquela novidade é boa ou não, mas de
desconsiderar o resto em prol daquilo que a empresa oferece.
Como o site CNET relembrou, muita
gente simplesmente descartou o Spotify no exato instante em que o Apple Music
chegou, isso sem ter a mínima certeza se o serviço seria tão bom quanto. Como a
pesquisadora destaca, a ideia de que "a Apple nos traz tudo aquilo que há
de bom" já é um forte sinal de que essa paixão está caminhando mesmo para
se tornar um culto.
E o curioso é que isso não se
repete com outras empresas. Robles-Anderson cita o exemplo da Samsung, que
tentou replicar esse efeito Apple no lançamento de seus produtos ao preparar o
espaço para receber enormes filas, mas não conseguiu o efeito esperado.
Para
ela, a diferença está no fato de que a fabricante sul-coreana não entendeu a
filosofia adotada pela rival de realmente abraçar o seu fã. Não se trata apenas
de oferecer uma estrada diferenciada, mas de fazê-lo se sentir especial e parte
daquilo como um todo.
Fonte: http://canaltech.com.br
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