Mulheres e seu papel nas relações entre igreja e ecologia
O IV Encontro Amerindia
Argentina, realizado em Agosto último, na cidade de Buenos Aires, discutiu o
tema:
"Mulher e ecologia, novas relações na sociedade e na Igreja”
Participaram do evento mulheres e homens, sacerdotes, religiosas, jovens,
movimentos populares de Posadas, Santa Fe, Rosario, Catamarca, Mar del Plata,
Merlo, San Miguel, Buenos Aires e Quilmes.
Isabel Íñigues, Julia Basualdo e
Rosa del Valle Aráoz compartilham sua experiência enquanto mulheres nessa
jornada do feminino na fé e na ecologia.
Isabel Íñigues é membro da
Amerindia, professora de Teologia e assessora do Ceforbiq (Centro de Formação
Bíblica Diocesana de Quilmes). Ela se diz "muito cansada”, mas ainda com
"fogo no coração”, devido à presença do Espírito que ajuda na construção
do novo.
Sobre o encontro, ela comenta que foi enriquecedora a construção de
uma reflexão teórica sobre as mulheres na sociedade e na Igreja. Segundo Isabel, a formação de
outra sociedade possível e desejável deve ser moldada em conjunto e a partir de
todos os âmbitos, espaços e terrenos.
"Foi gratificante sentir que podemos
realizar a igualdade com dignidade e respeito mútuo pelas diferenças. Unir a
base com o suporte dos intelectuais, a fé com a razão; a fé e a ciência, o
popular e o acadêmico, o ecumênico e, com muita amplitude, a relação da fé com
a cultura, o sociopolítico, com muita abertura da mente e do coração tecer o
novo”.
Aos políticos, Isabel pede que
exerçam o bem comum, que nas decisões ambientais escutem todos os envolvidos e
que façam da política e da economia um serviço para a vida. Julia Basualdo é de Posadas,
Misiones, e integra a Equipe Nacional das Comunidades Eclesiais de Base.
Participando, pela primeira vez, de um encontro da Amerindia, ela se diz feliz
em saber que muitas pessoas compartilham a ideia de que outro mundo é possível.
Enquanto mulher e cristã, Julia comenta que há um compromisso na construção de
uma nova estrutura social e eclesial nas comunidades.
"Anima-nos modificar
nosso estilo de vida, preocupar-nos e o buscarmos o bem comum, sentindo-nos
como mulheres e homens em igual dignidade”.
Sobre o II Congresso Continental
de Teologia, que será realizado em Belo Horizonte [Estado de Minas Gerais,
Brasil], com o tema: "Igreja que caminha com o espírito e a partir dos
pobres”, Julia conta que a ideia é continuar a mobilização em torno de um novo
momento eclesial, que compreende uma reforma inadiável da Igreja, e uma
necessidade de aprofundar raízes, conteúdos e sujeitos.
Rosa del Valle Aráoz vive em
Catamarca, é animadora de comunidades eclesiais de base e participa da
organização socioambiental coletivo Sumaj Kawsay (que em idioma quéchua
significa Bem Viver, Bem Con-viver). Ela espera que os políticos também assumam
a busca do bem comum e que reconheçam os direitos dos Povos Originários,
historicamente massacrados e hoje confinados a territórios explorados pelo
agronegócio e pela mineração.
"Sinto que de uma vez por
todas devemos começar a exercer a função política a partir de uma postura da
ecologia integral”, defende Rosa. Para ela, a construção do bem comum deve ser
feita desde as pequenas comunidades, nas organizações e nas famílias,
empreendendo caminhos de respeito mútuo, superando o machismo, autoritarismo e
a degradação da Mãe Terra.
"Somente assim, desde a base, poderemos gerar
uma outra sociedade, possível e necessária, que dá luz a homens e mulheres
capazes de assumir uma tarefa política sem denegri-la, sem convertê-la em
mercadoria que se vende pelo melhor lance”.
Fonte: http://site.adital.com.br
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