Filme que aborda pedofilia na igreja é uma das estreias deste fim de semana – Por Paulo Henrique Silva
A névoa e a falta de nitidez
presentes em muitas das cenas do filme chileno: “O Clube”, uma das estreias da
semana nos cinemas, diz muito sobre para onde a narrativa quer apontar, ao
abordar a polêmica questão da pedofilia na Igreja Católica.
A produção de Pablo Larraín, um dos melhores realizadores de seu país na atualidade, está longe de clarificar o papel dos padres excomungados na trama, que começa quase redimindo-os e, logo depois, os joga num processo de linchamento moral.
Mas não há céu ou inferno para
eles, um aspecto que acaba inquietando o espectador à medida que o filme
avança. Eles próprios não sabem o que fazer de suas vidas a não ser esperar,
pelo castigo, pela salvação ou pela continuidade em seu longo purgatório.
Harmonia arranjada
Confinados numa casa litorânea de
paisagem idílica, os padres guardam em silêncio os pecados do passado, criando
um curioso contraste, no qual a cidade (praticamente não se vê pessoas) ganha
um quê fantasmagórico, sublinhado pela fotografia enevoada.
A chegada de uma perturbada
vítima e de um padre representante da nova Igreja só faz botar tudo para fora,
desestabilizando a harmonia arranjada, mas, ao final, não tiram nada do seu
lugar. Pode-se fazer uma leitura humanizada desses clérigos que caíram em
tentação, mas também de uma luta por sobrevivência, custe o que custar.
Fonte: http://www.hojeemdia.com.br
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