Mesquita de cidade-natal de terrorista francês diz que ele não a representa
Ismael Omar Mostefai nasceu há 29
anos em Courcouronnes, mas não foi nesta cidade da região de Paris onde
adquiriu as ideias radicais que o levaram a cometer, com outros dois cúmplices,
um massacre na sexta-feira na casa de shows Bataclan, na capital francesa.
Identificado graças à impressão
digital de um dedo que perdeu após detonar seu colete de explosivos, seu rastro
se dissipa na cidade que o viu nascer, mas que abandonou há dez anos. "Se ele tivesse vindo a esta
mesquita, não teria feito o que fez", afirmou à Agência Efe o reitor do
centro muçulmano da cidade, Khalid Merroum.
À frente de uma das maiores
mesquitas da França, Merroum lamenta que atos como os atentados que provocaram
pelo menos 129 mortes em seis lugares diferentes da capital francesa manchem a
imagem do islã. "Os jovens que vêm aqui têm
às vezes problemas, mas lhes transmitimos valores saudáveis. Se ele tivesse
frequentado a mesquita, teria estado em um ambiente melhor", afirmou o
reitor.
Merroum acredita que este caso
mostra que o problema da radicalização vem da Bélgica, onde segundo ele
"alguns imãs" propagam ideias radicais. Considerado um dos símbolos do
islã mais moderado na França, Merroum louva o laicismo como um valor que
beneficia sua religião, "porque sem ele não teria sido possível a
construção de uma mesquita como esta" em um país de tradição cristã.
O reitor não tem nenhuma
lembrança de Ismael, embora o sobrenome lhe soe familiar. "Venho do mesmo
bairro", afirmou o religioso nascido em Ceuta e que se mudou para a França
no começo dos anos 80 para estudar ciência aeronáutica.
A marca mais próxima do suicida
na região é que seu irmão vive na cidade vizinha de Bondoufle, separada de
Courcouronnes por uma rua e cujos moradores viram alarmados um impressionante
dispositivo policial chegar na noite de ontem. O objetivo era buscar provas na
casa do irmão do terrorista, como também fizeram em Romilly-sur-Seine, onde
vive o pai de Ismael.
A jornada foi particularmente
difícil para Éric. Ele vive em uma casa cuja porta fica de frente para a
residência do irmão de Ismael, em um tranquilo bairro de Bondoufle, com casas
ajardinadas e não mais de dois andares. "São pessoas muito amáveis,
generosas, quando fazem um jantar e sobra comida, trazem em nossa casa, e nós
fazemos o mesmo", disse o vizinho, que reconhece que se surpreendeu com a
chegada da polícia.
"Nos separam apenas os 20
centímetros de um corredor, necessariamente há vínculos", acrescentou. Ele
garantiu que seu vizinho é simpático, leva uma vida tranquila, com sua esposa e
os três filhos, e trabalha em um turno noturno ajudando deficientes físicos. O irmão do suicida se apresentou
voluntariamente à delegacia de Créteil, a sudeste de Paris, mas os agentes
fizeram uma operação de busca e apreensão em sua casa.
"Chegaram entre 20 e 40
agentes e nos impediram de sair de casa, inclusive de acender as luzes. Nos
apontaram um laser vermelho quando as acendi para cozinhar", declarou. Éric
disse que seu vizinho é muçulmano praticante, mas duvida que seja radical.
Fonte: http://noticias.terra.com.br
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