Mesmo com legislação ‘liberal’, Dinamarca tem de ‘abraçar diversidade religiosa’, diz relator da ONU
Após visita oficial ao país do
norte da Europa, especialista independente da ONU fez recomendações para
reforçar a atual abordagem quanto à liberdade de religião ou crença.
Ele
destacou a importância de evitar sentimentos de estigmatização e a exclusão das
minorias religiosas.
A Dinamarca é um país liberal que
valoriza e respeita a liberdade de crenças religiosas. Mesmo assim, a sociedade
ainda tem desafios a enfrentar, sobretudo em relação a uma necessária
identidade “aberta e inclusiva” e uma maior diversidade religiosa.
A avaliação é do relator especial
da ONU sobre a liberdade de religião ou crença, Heiner Bielefeldt, que acaba de
finalizar uma visita de nove dias ao país do norte da Europa. “É da
responsabilidade do governo assumir a liderança no desenvolvimento de uma
compreensão mais abrangente da identidade dinamarquesa”, destacou Bielefeldt.
“Eu valorizo que a Dinamarca, que
evoluiu rapidamente de homogeneidade religiosa para uma sociedade
diversificada, respeite o direito de todos de praticar livremente sua religião,
tanto em privado e quanto em público”, disse o especialista em direitos
humanos.
Ele também reconheceu os esforços
para promover o diálogo entre os grupos religiosos e os não religiosos. A
Igreja Nacional Dinamarquesa, geralmente denominada ‘Folkekirke’, em
particular, tem contribuído para a formação de uma sociedade inclusiva no país.
No entanto, a fim de reforçar a
abordagem liberal da Dinamarca quanto à liberdade de religião ou crença,
Bielefeldt ressaltou a importância de evitar sentimentos de estigmatização e a
exclusão das minorias religiosas.
Ele observou uma “tendência
generalizada” de associar os muçulmanos com o extremismo e o terrorismo.
“Algumas vozes sugerem que a identidade dinamarquesa e o islamismo se excluem
mutuamente”, frisou, acrescentando que “a comunidade judaica, que
tradicionalmente se sente em casa na Dinamarca, vê-se exposta a hostilidade em
respeito à circuncisão por motivos religiosos de meninos”.
Portanto, “trabalhar por uma
maior compreensão mútua entre diferentes religiões e os não religiosos (ou
‘seculares’) na sociedade deve ser uma das principais prioridades”, disse
Bielefeldt.
Ele pediu também reformas
institucionais na Folkekirke e em seu procedimento de reconhecer as comunidades
religiosas. Outra ação sugerida pelo especialista em direitos humanos é manter
uma compreensão ampla da liberdade de religião ou crença, de acordo com as
normas europeias e internacionais.
“Obviamente, é uma tarefa de
longo prazo, que envolve questões como a educação escolar, o diálogo
inter-religioso e outras formas de comunicação entre os grupos, as políticas
antidiscriminação e programas de integração”, destacou Bielefeldt.
Relatores independentes ou
relatores especiais são nomeados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU para
examinar e apresentar um relatório sobre a situação do país ou um tema
específico de direitos humanos. Os cargos são honorários e os especialistas não
são funcionários da ONU, nem são pagos pelo seu trabalho.
Fonte: https://nacoesunidas.org
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