IIConcílio do Vaticano, resposta da Igreja aos erros



Perante o “ataque frontal contra Deus” e qualquer ideia de transcendência da vida humana, o II Concílio do Vaticano “será a mais expressiva afirmação de Deus registada neste século”, escreveu D. Florentino de Andrade e Silva, administrador apostólico da diocese do Porto, numa carta pastoral datada de 31 de maio de 1962.

O documento do prelado começa por se referir à convocação do Concílio e à ressonância que o facto teve no mundo católico e não católico. 


Quanto ao significado do Concílio no momento presente, D. Florentino de Andrade realça que para o católico esclarecido, a assembleia magna – a iniciar em outubro de 1962, no Vaticano – situa-se “no plano próprio dos grandes acontecimentos impregnados de sobrenatural, sobre os quais pousa a luz de um especialíssimo olhar da divina providência” (Cf. Revista LUMEN, junho de 1962).


Perante a prevalência hodierna do material sobre o espiritual, do efémero sobre o eterno, “provocada já pelo conceito hedonístico da vida e pelo aturdimento que o surto científico-técnico tem produzido nos espíritos”, o prelado que ocupou a cátedra do Porto enquanto D. António Ferreira Gomes esteve no exílio refere no documento que “é inegável que as maiores necessidades do mundo de hoje são o conhecimento e o respeito efetivo de Deus e, em consequência, o conhecimento e o respeito igualmente efetivo do homem”. (Cf. Boletim de Informação Pastoral; Nº 17 – Abril-Junho de 1962).


De acordo com a pedagogia da Igreja, o II Concílio do Vaticano irá “imprimir aos seus trabalhos uma feição mais positiva (desenvolvendo doutrina e traçando linhas de rumo e ação) do que negativa (anematizando os erros em voga)”, sublinha o administrador apostólico da diocese portuense e acrescenta: “É muito natural pois que as atenções do Concílio incidam principalmente sobre a própria vida interna da Igreja e os seus trabalhos se orientem num sentido de exame geral da situação, e ainda de atualização e adaptação de métodos às necessidades presentes”.


Segundo D. Florentino de Andrade “não se esperam reformas espetaculares de estruturas, mas um grande esforço de revisão, de renovação e aperfeiçoamento com vista a uma eficiência mais larga e profunda”. (Cf. BIP; Nº 17, página 17).


Para o prelado, o concílio convocado pelo Papa João XXIII – com base na teologia do sacerdócio e do laicado – “irá pedir a um e a outro uma consciência mais clara dos seus respetivos lugares e funções dentro da Igreja, e o correspondente espírito de missão traduzido em disponibilidade, doação, humildade e sacrifício”, lê-se no documento.


Com o intuito de uma presença mais atuante da Igreja no mundo, torna-se “indispensável e é fundamental uma verdadeira e sólida valorização do clero, nos aspetos da santidade, da cultura, da preparação e organização do apostolado”, alerta D. Florentino de Andrade e avança: “A pastoreação precisa redobrar de energias e encontrar novos métodos para atingir e salvar toda a grei”.


Fonte: http://www.agencia.ecclesia.pt

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