Plantando Futuros de Cidadania: projeto desenvolve conscientização ambiental entre crianças e jovens - Por Tiago Chagas
Convidada a relatar a sua
experiência de fé no Simpósio do Clero, Zita Seabra, editora e ex-deputada,
apontou dois caminhos para os desafios que a Igreja enfrenta nos dias de hoje.
Pregar a esperança com razão e discutir o divino na praça pública.
Discutir a fé a partir da razão.
É este o grande desafio da Igreja Católica, segundo a opinião manifestada por
Zita Seabra, esta terça-feira, 4 de setembro, em Fátima, no primeiro debate do
sétimo Simpósio do Clero, que está a decorrer no Centro Pastoral Paulo VI. «O
catolicismo é uma religião da razão» e, como tal, deve «pregar a esperança com
razão», afirmou a editora e ex-deputada.
«É preciso que haja sempre na
Igreja a preocupação de que hoje a evangelização e o encontro com a fé, na
maior parte dos casos, já não se faz na família, na escola ou na sociedade, mas
através da razão. Daí a necessidade de se discutir a fé a partir de argumentos
de razão e não a partir argumentos que hoje, numa sociedade liberal e plural,
não fazem sentido», adiantou a responsável, à margem do debate.
Para Zita Seabra, a sociedade
moderna, sobretudo a europeia, parece desligada da Igreja. «Dá a sensação que
Deus desapareceu da preocupação das pessoas. Já não se interrogam sobre o
sentido da vida ou sobre a existência de Deus e quando estão doentes ou em
sofrimento, há sempre um psicólogo ou um psiquiatra que resolve o assunto com
umas pastilhas». Puro engano. «Uma sociedade sem fé é uma sociedade vazia», diz
a editora.
Neste sentido, a ex-deputada
considera fundamental que a Igreja discuta o divino e leve a discussão para a
praça pública. «Não pode ficar num gueto, fechada sobre si própria, a falar de
fé aos que já a têm, mas deve ir para o átrio, discutir com quem não tem fé. A caridade
é importante, a fé é importante, mas a questão da esperança na vida eterna só
pode vir de um debate e da própria ação da Igreja Católica», sublinhou Zita
Seabra.
No debate, subordinado ao tema
«Experiências de fé», o empresário Paulo Pereira da Silva deixou um testemunho
de Deus muito pessoal, apontando o exemplo de cristão como «um artesão do
relacionamento harmonioso entre as coisas, dando-lhe o seu justo valor e
recusando o que não é importante, amando o outro como a si próprio».
Já Nuno Rosário Fernandes, do
Patriarcado de Lisboa, considerou o seu primeiro ato verdadeiro de fé, o facto
de ser padre. Disse ter um olhar muito positivo da Igreja da qual faz parte,
que se renova permanentemente, e explicou que procura com o seu ministério «ser
testemunho para outros», porque foi o testemunho de outros padres que o fez
despertar para a vocação.
O Simpósio, que conta com a
participação de mais de 400 sacerdotes, prossegue amanhã, 5 de setembro, com
duas intervenções do bispo de Bragança-Miranda, José Manuel Cordeiro, um olhar
sobre o padre no cinema a análise à forma como são os sacerdotes da atualidade.
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