Igrejas evangélicas e católica arrecadam R$ 5,2 milhões em dois anos em Alagoas – Por Alana Berto
Os dados da Receita Federal apontam o crescimento de valores entre 2011 e 2012
Apesar de Alagoas ser um
estado pobre, que depende de repasse do Governo Federal para manter projetos
importantes na área de Segurança Pública, Educação e Assistência Social, por
exemplo, a receita das igrejas católicas e evangélicas no Estado saltou em um
ano de R$ 4.407.913,31 para R$ 5.263.852,52. O aumento foi registrado entre os
anos de 2011 e 2012.
Os dados mostram um
crescimento de quase um milhão de reais na arrecadação das igrejas e foram fornecidos
pela Receita Federal à Tribuna através
da Lei de Acesso à Informação.
O valor pode ser mesmo alto,
mas dividido por todos os seguidores das duas religiões no Estado dá um
resultado de pouco mais de um real de doação por pessoa. Para se ter noção da
quantidade de religiosos no Estado, o Censo 2010 aponta que do total da
população de Alagoas de 3.120.494 de pessoas, cerca de 73% são católicos e 16%
são evangélicos.
Sabe-se que os templos
religiosos possuem imunidade tributária aprovada pela Constituição Brasileira.
No entanto as igrejas precisam declarar anualmente à receita. Esses valores
declarados são mantidos sob sigilo.
Para o sociólogo Jorge
Vieira, não se tem como fiscalizar todo o dinheiro que passa pelas igrejas e
não se sabe até onde vai a objetividade das declarações. “Até do ponto de vista
da operacionalidade é complicado. Vai depender da ética do líder religioso. É
preciso ter coerência na prática e no discurso”, disse ele.
Apesar disso, ele ainda
colocou que a fiscalização da Receita Federal está aumentando nas instituições
religiosas. “Isso faz com que as igrejas tenham mais cautela na hora de
declarar”.
'Igreja não é
empresa'
Para o padre Manoel Henrique,
na Igreja Católica, o aumento na arrecadação se deve à conscientização dos
fiéis para o pagamento do dízimo, que não é obrigatório. “Em quase todas as
paróquias existe uma equipe que arrecada”.
O religioso explicou que uma
parte do dinheiro é utilizada para a manutenção da igreja, já a outra parte da
arrecadação é destinada às atividades sociais.
“A igreja não deve se
caracterizar como uma grande arrecadadora de dinheiro para que não se torne uma
empresa”. Além disso, padre Manoel falou da importância de dar transparência ao
dinheiro arrecadado.
“A ocupação da igreja não é a de fazer saldo bancário. Se
isso acontecer, a instituição vai estar se perdendo no mundo do capitalismo”,
disse.
Evangélicos,
o dízimo e a palavra
O pastor da Igreja do
Evangelho Quadrangular, Leonardo Tomaz, explica que o dízimo e as ofertas são
destinados à “manutenção das obras de Deus”, ou seja, para manter a igreja,
pastores, funcionários e obras de caridade. “A gente já construiu quase 500
casas populares, distribuímos cestas básicas”, apontou o religioso.
Na opinião do pastor, o
aumento nas arrecadações é devido ao crescimento da comunidade evangélica e
católica e ao aumento do salário mínimo. “A gente possui uma prestação de
contas mensal. O dinheiro não vai só para a mão do pastor”, frisou.
Leonardo afirmou que existem
mais de 15 mil igrejas do Evangelho Quadrangular no Brasil, mas destacou que
ninguém é obrigado a dar o dízimo. “A gente ensina o que está na Bíblia.
Ninguém é hostilizado por praticar ou não”.
Fonte: http://www.tribunahoje.com
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