Por ser a religião oficial do país, só um xiita pode ocupar a presidência no Irã
Minorias étnicas e religiosas
ganham importância apenas pouco antes das eleições, quando seus direitos acabam
se transformando em um dos principais assuntos de campanha eleitoral.
O Irã é um Estado multiétnico, com várias minorias étnicas e religiosas. Além de persas, vivem no país azerbaijanos, lures, bakthiares, curdos, árabes, balúchis e turcomanos, entre outros. Essas minorias étnicas são oprimidas no país, não podendo viver abertamente as respectivas culturas e religiões.
Mas nas eleições presidenciais
seus votos contam e desempenham um papel importante. Tão importante que os
direitos das minorias nacionais e religiosas acabam se transformando em um dos
principais assuntos de campanha eleitoral.
Eleição presidencial e minorias
E nenhum candidato à presidência
brinca com o assunto. "Seria um erro imperdoável ver as minorias no Irã
como uma ameaça", afirmou justamente o prefeito conservador de Teerã,
Mohammed Bagher Ghalibaf, em discurso frente à tribo nômade dos bakthiares na
região central do país. Ghalibaf é um dos oito candidatos admitidos pelo
Conselho dos Vigilantes para concorrer na eleição presidencial.
O cientista político iraniano
Nawid Ghaemi, natural de Ahwaz, acentua em entrevista à Deutsche Welle o peso
das minorias no pleito: segundo ele, os três grupos minoritários mais
representativos no país os azerbaijanos, os bakthiares e os lures somam juntos
quase 50% de toda a população votante.
Somente um xiita pode ser
presidente
Essas minorias são xiitas e podem
apresentar candidatos próprios. Ao contrário dos curdos sunitas, dos balúchis
ou dos turcomanos. O artigo 115 da Lei Eleitoral iraniana determina que somente
os membros da "religião oficial do país" podem se tornar presidentes.
No Irã, segundo estimativas
oficiais, aproximadamente 90% da população é de crença xiita, enquanto os 10%
restantes são sunitas. Apenas 1% da população do país não é muçulmana.
O imã sunita de Zahedan, Mowlawi
Abdolhamid, criticou frente a milhares de fiéis sunitas as autoridades
eleitorais iranianas e o Conselho dos Guardiães por não admitirem que sunitas
se candidatem à presidência.
"Um dos grandes erros da nossa Constituição é
a determinação de que somente um xiita pode ser tornar presidente. O Irã é de
todos. Não deveria haver diferenças entre os povos, entre sunitas e
xiitas", criticou o imã.
Hassan Amini, um clérigo curdo do
norte do país, também criticou a lei em questão em entrevista à Deutsche Welle,
chamando-a de não democrática e humilhante: "Nos últimos 34 anos, nenhum
sunita se candidatou à presidência. Apesar disso, vamos votar em alguém que se
empenhe pelos direitos das minorias étnicas e religiosas, que as reconheça e as
defenda. Vamos votar nos programas dos candidatos".
Presidente de mãos atadas
"A decisão sobre a ampliação
dos direitos das minorias só pode ser tomada pelo líder supremo do Irã, o
aiatolá Ali Khamenei", afirma Abdolsattar Doshoki, diretor do Centro
Balúchi de Pesquisa em Londres. Doshoki espera que a atmosfera política melhore
após as eleições nas regiões onde vivem as minorias.
"Se desta vez os
votos não forem manipulados, é possível que a escolha das minorias étnicas e
religiosas desempenhe um papel decisivo nas eleições presidenciais do
Irã", completa o pesquisador.
Fonte: http://www.opovo.com.br
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