Por que a imprensa “ignora" as manifestações dos evangélicos? Uma análise psiquiátrica – Por Marcelo Caixeta


A imprensa tende a ignorar as marchas evangélicas com 550 mil pessoas, seja em SP, seja nesta última quarta, em Brasília. 

Por que acontece isto? O quê evangélicos têm que desagradam a mídia? No meu entender, padecem de algo que gera ódio de governos, mídias, “povão-que-quer-ser-tudo-igual”, socialistas: individualidade. 

A individualidade que manifesta-se no intenso esforço que tem de fazer (de modo geral, pois há sempre os picaretas) para vencerem a si mesmos. Tudo isto exige e fortalece uma certa “obsessividade”, coisa que é logo associada a ser de direita”, “direitismo”, coisas dos quais os “liberalizantes” têm ódio.

Os que pregam a “liberalidade” preferem a massa, preferem o povão, preferem a não-rigidez do “deixa fazer”, “deixa rolar”. Quem não tem “prazer na rigidez”, tem prazer é no prazer mesmo, ou seja, na “festa geral, na putaria, na cervejada, na suruba, na “cabeça fresca”, no piquenique-sem-se-preocupar-com-trabalho e no churrasco na laje”.

O “cabeça-fresca”, o “deixa-rolar”, o “vamos-curtir”, tende a ficar pobre, aí revolta-se com isto. Aí revolta-se com o “engravatado rígido e direitista”. Aí vem a “vontade de igualdade”, a “raiva de quem tem mais que eu”, o refrão do: “ou todos temos a mesma coisa ou não temos nada, o que não pode acontecer é uns terem mais que os outros”.

Querem que a “liberação de toda rigidez, toda moral”, seja a bandeira comum e universal, pois aí sua inveja e culpa acabariam. O religioso também é uma pessoa que, às vezes, obsessivamente, tenta controlar seu próprio comportamento e torna-se “rígido”.

Apesar da maioria dos religiosos dizerem que “odeiam o pecado mas amam o pecador”, e isto, na maioria dos casos ser sincero (como em todo lugar, há as exceções, ou seja, aqui no caso, há entre religiosos os “que odeiam o pecador” mesmo), os “liberados” fazem de tudo para associá-los como aqueles que “discriminam os pobres, os negros, os gays, as prostitutas, os aborteiros, etc”.

É importante para os “libertários” dizerem que o “rígido” odeia o desregrado, e não o desregramento. É importante dizer isto porque o que os “liberados” precisam, em seu psiquismo, é abolirem a condenação do desregramento (pois no fundo sabem que o desregramento lhes será prejudicial, como veremos abaixo). É o “antidesregramento” que incomoda os libertários, muito mais do que os (hoje já fracos) “antidesregrados”.

Mas, a “condenação do desregramento”, esta os “liberalizantes” não podem atacar com ódio pois são regras e não pessoas; então atacam as pessoas, ou seja, aqueles que eles dizem ser os “que nos condenam e nos discriminam”. Eles não têm saúde psíquica suficiente para entender que é a própria consciência quem os condena, e não os pretensos “autoritários” em carne-e-osso.

É a “norma” que os incomoda, não os “normatizadores”; mas eles não enxergam isto e partem para o ataque das pessoas em carne-e-osso. Pode-se dizer, como os libertários fazem, que a “rigidez” do evangélico (por seu autoritarismo, arrogância, orgulho de sua postura, de sua moral, de seu esforço, etc) prejudicam a “liberdade” da massa, daí a raiva desta. Isto podia até ser verdade há 20 anos atrás, hoje não é mais assim, ou seja, hoje são os “autoritários” é que estão em desvantagem, em minoria, sob ataque, sob esmagamento; hoje é o “liberado” faz o que quer, até sexo, pelado, em frente às criancinhas da praça pública. Mas, se os “autoritários”, “rígidos”, já estão “mortos”, esmagados pelos “libertários”, por que estes últimos não se cansam de esmagá-los?

É porque os “autoritários”, “rígidos”, estão fracos politicamente, mas sua mensagem continua incomodando, pois tem um fundo de verdade (por exemplo: tanto a psiquiatria quanto a religião dizem: ser poligâmico, pegar muitas mulheres, largar os filhos de lado, acabar com o casamento, deixar filhos abandonados para ir trabalhar e fazer carreira, trocar afeto família por dinheiro, curtir surubas, etc., é algo “deletério”, pois pode gerar aids, hepatites, hpv-carcinomas, depressão, ansiedade, psicoses (p.ex., a esposa que ama o marido e o lar ser trocada por uma “liberada”), suicídios, delinquência, toxicomania, empobrecimento, despreocupação com o futuro e bem-estar da prole, etc).

Ou seja, está aí o desequilíbrio para dizer que a “norma”, a “moral”, a “rigidez”, seja médica, seja religiosa, tem um peso, continua a existir, mesmo que queiram destruí-los a golpes de mídia tendenciosa, leis “liberalizante-populistas”, anulação da “autoridade”, “substituição de médicos por não-médicos”, indiferença midiática, etc.

O discurso “liberalizante” é facilmente assimilado, como dissemos acima, pelos “pobres”, pelos “sem-teto”, “sem-terra”, “mulheres-oprimidas-pelo-machismo-patriarcalismo”, “homossexuais discriminados”, “jornalistas-formados-em-faculdades-esquerdistas-e-com-raiva-dos-patrões”, “negros-índios-prostitutas-menores-de-idade-coitados”, e, interesseiramente, pelos “donos-da-mídia” (que comem na mão do Governo, tipo Globo, pois é o BNDES quem lhes paga os iates) e os “donos-do-Governo” ( aqueles como Lula, Dilma, Zé Dirceu, Serra, Padilha, Aécio, etc, que usam do discurso “liberalizante” para anular os “poderosos de direita” e tornarem-se os “novos poderosos de esquerda- donos do Estado").

(Marcelo Caixeta, médico psiquiatra)






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