Extremistas judeus atacam locais cristãos em Jerusalém - Por Jarbas Aragão
Os líderes cristãos em Israel
estão enfurecidos com o que eles consideram uma “onda de ataques implacáveis”
contra propriedades de igrejas e locais cristãos.
O episódio mais
recentemente foi a profanação de um cemitério cristão. Os vândalos picharam e
arrancaram as cruzes de pedra de 15 túmulos. Em Israel os judeus não são
enterrados nos mesmos cemitérios que muçulmanos e cristãos.
O ataque aconteceu no Cemitério
Protestante de Monte Sião, um dos mais importantes cemitérios históricos de
Jerusalém. Um dos problemas apontados é que alguns dos túmulos danificados
pertencem a pessoas importantes que viveram nos séculos 19 e 20, e
influenciaram a história de Jerusalém. Entre eles estão um diplomata
alemão, o fundador de um orfanato e vários sacerdotes católicos e evangélicos.
Embora os líderes cristãos dizem
que as relações com os principais líderes religiosos judeus nunca foram tão
fortes, a polícia registra esse tipo de vandalismo com certa frequência. Eles
dizem que o número de ataques continuam crescendo.
“Estamos nos esforçando tanto
para promover a dignidade e o respeito entre os vivos. E aqui vemos o local dos
nossos mortos… vandalizado”, disse o pastor Hosam Naoum, responsável pelo
cemitério de Monte Sião. O doutor Paul Wright, diretor do University College de
Jerusalém, em cuja propriedade o cemitério foi construído em 1840, classificou
o ato de “crime e um ataque contra todos os moradores de Jerusalém”.
A polícia prendeu quatro jovens
israelenses, sendo dois menores de idade, e acredita que foram eles os
responsáveis. O porta-voz da polícia, Micky Rosenfeld, admitiu que os acusados
foram ouvidos e posteriormente libertados, por não haver provas.
Dois dos suspeitos já tiveram
problemas com a polícia por estarem envolvidos com um movimento de extremistas
judeus acusados de realizar uma série de ataques a mesquitas, igrejas cristãs
e propriedade do Exército israelense. Eles sempre afirmam que é um protesto
contra o governo.
Naoum disse que jovens judeus
foram vistos invadindo o cemitério novamente na terça e quarta-feira, mas
nenhum dano foi constatado. A mídia israelense divulgou que os dois
maiores de idade estudavam em um seminário judeu conhecido pela sua visão ultranacionalista.
Esse ataque se junta a uma lista
de lugares cristãos importantes que foram vandalizadas em Jerusalém desde o ano
passado. Entre eles está o mosteiro católico de Latrun, onde os vândalos queimaram
uma porta e picharam “Jesus é um macaco”. Posteriormente, atacaram
uma igreja católica e uma batista, onde escreveram: “morte ao
cristianismo”.
Somente nos dois últimos meses,
um monastério foi atacado com coquetéis molotov e um cemitério ortodoxo foi
invadido e as sepulturas pichadas com estrelas de Davi e palavras como
“vingança”. Pelas características dos vandalismos, a polícia acredita que foram
realizados pelo mesmo grupo.
Alguns pastores e padres relatam
que muitas foram cuspidos por estudantes religiosos ultraortodoxos quando
passam pela Cidade Velha de Jerusalém, só por que carregam vestes sacerdotais
ou cruzes no pescoço.
Entre os 8 milhões de habitantes
de Israel, menos de dois por cento são cristãos, incluindo todas as correntes
do cristianismo. Dezenas de milhares de trabalhadores estrangeiros e
imigrantes cristãos também vivem em Israel.
Ao longo dos últimos três anos,
17 locais cristãos na Terra Santa foram vandalizados, de acordo com a Search
for Common Ground, uma organização não governamental que monitora relatos de
ataques a locais religiosos.
Kevin Merkelz, que faz parte da
ONG, disse que os números são realmente maiores, mas muitos líderes cristãos
preferem nem relatar à imprensa muitos ataques para evitar retaliações. Disse
ainda que muitos desses lufares estão em áreas disputas por muçulmanos e judeus
e o governo prefere não se pronunciar.
Pierbattista Pizzaballa, uma das
principais autoridades da Igreja Católica Romana na Terra Santa, disse que
esses ataques “tornaram-se rotina e alvo não são apenas os cristãos. Eles são
realizados por extremistas e vão contra o espírito de tolerância. Também é
verdade que não recebem apoio da comunidade judaica em geral. A maior parte das
pessoas se opõem a eles”.
O pesquisador israelense Nirit
Shalev- Khalifa explica que sempre houve uma luta religiosa por causa dos
cemitérios em Jerusalém. “Esta é uma batalha sobre a Jerusalém celeste”,
disse. “Você não consegue lidar com os vivos, então às vezes é mais fácil
lidar com os mortos.”
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