Bispos são criticados por Teólogas Feministas
A presidente da Associação
Portuguesa de Teologias Feministas, Teresa Toldy, criticou hoje a posição dos
bispos portugueses sobre as leis do aborto e do casamento homossexual,
considerando que revelam uma perceção da realidade diferente da maioria dos portugueses.
A Conferência Episcopal
Portuguesa (CEP) disse quinta-feira que as alterações legislativas sobre a
interrupção voluntária de gravidez ou o quadro legal que passou a permitir o
casamento entre pessoas do mesmo sexo em Portugal não são irreversíveis.
"É recordado que as
alterações legislativas introduzidas no nosso sistema jurídico, reflexo da
ideologia do género, não são irreversíveis", lê-se no documento final
aprovado pela assembleia plenária da CEP, que decorreu em Fátima.
Questionado sobre o tema, Manuel
Clemente, presidente da CEP, manifestou "muitas dúvidas" de que os
patamares legais atingidos com as alterações legislativas "correspondam,
efetivamente, à convicção, até diria maioritária, do povo português".
"Pergunto-me se na fase de
crise em que estamos em Portugal e, havendo neste momento toda uma dinâmica de
abertura no sentido de as pessoas amplamente participarem no questionário de
preparação do Sínodo [da Família], se estas serão as questões mais relevantes?
Não me parece que sejam", disse Teresa Toldy à agência Lusa.
Teresa Toldy, que falava à margem
do II Colóquio Teologias Feministas, mostrou-se ainda "espantada" por
haver, "neste momento, uma perceção da realidade portuguesa que é capaz de
ser diferente da perceção que a maioria dos portugueses tem" destas
questões.
A presidente da APTF contestou
também o uso da terminologia "ideologia do género", considerando que
revela "ignorância" e "enviesamento" porque
"identifica imediatamente toda a discussão em torno desta temática com as
questões relacionadas com a homossexualidade ou com o aborto".
Teresa Toldy, que encara como
sinal de abertura o inquérito que o Vaticano enviou às paróquias sobre estes e
outros temas relacionados com a família, disse ainda esperar que a CEP divulgue
amplamente este documento.
"Em Inglaterra, a
conferência episcopal optou por colocar o questionário online. Quem quiser pode
responder. Espero que a CEP adote a mesma estratégia porque, se este documento
foi conhecido tão amplamente, com certeza também houve vontade do Vaticano que
ele fosse divulgado amplamente. Não penso que caiba às igrejas locais fecharem
portas que o papa está a abrir", disse.
Sobre o inquérito destinado a
conhecer a realidade familiar nos dias de hoje, constituído por 39 perguntas, a
CEP disse que estará concluído, em Portugal, no início de janeiro de 2014.
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