O culto da religião na América rural - Por Roberto Minervini
“Stop the Pounding Heart”
fala-nos de fé através de uma comunidade insular que renega os hábitos do resto
do Ocidente, ontem no Lisbon & Estoril Film Festival.
A experiência de Deus como máxima de sobrevivência é o retrato poderoso desta surpreendente obra de Minervini. A zona rural de Texas é habitada por uma série de famílias que vivem da ordenha das cabras, ranchos e de tudo o que a terra lhes oferece como modo de subsistência.
Os Carlsons são uma dessas
famílias de devotos cristãos e que ocupam o centro desta história, que navega
entre o documentário e a ficção. Ao todo são 12 filhos, os de Tim Carlson e
LeeAnne Carlson que desempenham as suas próprias vidas no filme. Sara Carlson é
uma das filhas que está a passar a fase da adolescência e que se surpreende ao
questionar a sua crença na religião que lhe ensinou todos os princípios e
regras de vida desde que nasceu.
Colby Trichel é um jovem cowboy
da comunidade pelo qual Sara expressa ao espectador naturalmente, um interesse,
uma inquietação interior que lhe despoleta uma séria conversa com a sua
progenitora.
Com “Stop the Pounding Heart”, o
cineasta italiano Roberto Minervini completa a sua trilogia de estilo
documentário sobre Texas e os seus habitantes, em conjunto com as obras Low
Tide (2011) e The Passage (2012).
Dificilmente se crê que qualquer
outra zona rural na Europa consiga viver da maneira que os Carlsons e os
vizinhos vivem naquela comunidade rural do Texas. A autosubsistência (mesmo com
a venda dos produtos feitos no campo em feiras) e devoção da bíblia e da
experiência de Deus são as linhas orientadoras da vida real destas pessoas do
Sul americano. Tradições e valores como a importância das armas, o papel
subserviente e de apoio ao homem são uma prática comum e ensinada pelos
próprios às novas gerações.
Tim, LeeAnne e Sara estiveram
presentes na sessão de dia 14 do filme no Cinema Monumental. Mencionaram o
facto de confiarem no realizador para exporem a sua vida daquela maneira,
apesar de não ter sido uma novidade para eles. Sara revelou que, entre
festivais e 12 visualizações do filme, apenas nas últimas percebeu a dimensão e
interpretação que o realizador pretendeu direccionar o espectador sobre a
realidade que filmou daquela zona e dos seus familiares e vizinhos.
O filme, em Competição no Lisbon
& Estoril Film Festival, repete hoje, dia 15, às 14:15h, também no Cinema
Monumental.
Fonte: http://www.hardmusica.pt
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