Espiritismo avança e atrai milhares de turistas ao médium João de Deus
A doutrina criada por Allan
Kardec, em 1857, com a publicação de O Livro dos Espíritos, na França, se
consolidou no Brasil em 1884 com a implantação da Federação Espírita Brasileira
(FEB), fundada no Rio de Janeiro e hoje sediada em Brasília.
O órgão institucional
atua, desde então, para difundir os preceitos básicos da religião que prega a
possibilidade de comunicação entre os homens e os espíritos, a evolução e a
reencarnação.
Sem dízimo ou qualquer obrigatoriedade de colaboração financeira,
o Espiritismo vive de doações de beneméritos, contribuições espontâneas dos
fiéis, feitas por meio do trabalho voluntário ou da caridade, e do turismo
religioso, bancado, sobretudo por estrangeiros, que têm despejado cada vez mais
euros e dólares no país.
Foi o trabalho de psicografia do médium mineiro Francisco de Paula Cândido, mais conhecido como Chico Xavier (1910 – 2002) que popularizou a religião e atraiu mais adeptos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 4 milhões de brasileiros se declaram espíritas.
Foi o trabalho de psicografia do médium mineiro Francisco de Paula Cândido, mais conhecido como Chico Xavier (1910 – 2002) que popularizou a religião e atraiu mais adeptos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 4 milhões de brasileiros se declaram espíritas.
No entanto,
para praticantes e especialistas, esse número pode ser até 10 vezes maior. O
presidente da Federação Espírita Brasileira (FEB), Antonio Cesar Perri, garante
que há indícios de que 40 milhões de pessoas sejam, pelo menos, simpatizantes
no país.
Fundamentada no lema do Espiritismo, segundo o qual “fora da caridade não há salvação”, a FEB criou, em 1890, o primeiro departamento de ajuda aos necessitados, hoje replicado nos milhares de templos existentes no país.
Fundamentada no lema do Espiritismo, segundo o qual “fora da caridade não há salvação”, a FEB criou, em 1890, o primeiro departamento de ajuda aos necessitados, hoje replicado nos milhares de templos existentes no país.
“Atualmente,
existem cerca de 14 mil locais, entre centros espíritas e instituições
assistenciais”, afirma Perri. Apesar de ele não divulgar o faturamento do
Espiritismo no Brasil, alegando que a religião é descentralizada, ele revela
que a maioria dos centros estão em imóveis próprios, resultado de doações.
“Poucas entidades ainda estão em locais alugados”, diz.
A sede própria da Federação Espírita Brasileira está instalada em um conjunto arquitetônico de três edifícios na L2 Norte. Apenas o primeiro prédio tem cerca de 5,3 mil metros quadrados de área e abriga um local para reuniões, conferências e palestras, livraria, museu e salas para atividades de assistência social.
A sede própria da Federação Espírita Brasileira está instalada em um conjunto arquitetônico de três edifícios na L2 Norte. Apenas o primeiro prédio tem cerca de 5,3 mil metros quadrados de área e abriga um local para reuniões, conferências e palestras, livraria, museu e salas para atividades de assistência social.
Considerando somente a localização e a área de um dos três
edifícios, a estimativa de uma construtora de Brasília, que trabalha com preço
entre R$ 12 mil e R$ 14 mil o metro quadrado na região, é de que parte da sede
da FEB tenha valor de mercado entre R$ 63,6 milhões e R$ 74,2 milhões.
Formiguinhas
Formiguinhas
Nem todos os 14 mil centros espíritas têm a magnitude da FEB, mas algo como 10 mil imóveis próprios estão espalhados pelo Brasil, o que já garante um sólido investimento para o Espiritismo. Para manter os locais, Antonio Perri explica que os fiéis promovem um trabalho de “formiguinha”.
As principais fontes para
garantir a sustentabilidade financeira são o quadro de associados, as promoções
de bazares, almoços e jantares beneficentes e atividades como a feira de livro
espírita. “As doações, desde que legalizadas, também nos ajudam muito”,
destaca.
Não há obrigatoriedade de colaboração financeira nas instituições espíritas e todas são independentes e administradas mediante estatuto registrado em cartório conforme o Código Civil para religiões.
Não há obrigatoriedade de colaboração financeira nas instituições espíritas e todas são independentes e administradas mediante estatuto registrado em cartório conforme o Código Civil para religiões.
“Há intensa atuação de equipes
de voluntários, obviamente não remunerados. Os estatutos proíbem pagamento de
salário aos dirigentes. Assim, o custo de manutenção se reduz muito”, conta
Perri.
A FEB recomenda o menor contato possível com órgãos governamentais para manter a independência dos centros espíritas. No entanto, algumas instituições contam com a ajuda de setores público e privado.
A FEB recomenda o menor contato possível com órgãos governamentais para manter a independência dos centros espíritas. No entanto, algumas instituições contam com a ajuda de setores público e privado.
São os casos das Casas André Luiz, de
São Paulo, auxiliadas por entidades do terceiro setor, pois dão atendimento a
pessoas com deficiência intelectual e têm funcionários, como médicos,
psicólogos e enfermeiros.
Por ano, elas realizam 195 mil consultas médicas e
terapêuticas em todas as especialidades. Um novo ambulatório está em construção
desde 2009 para aumentar a capacidade anual para 300 mil atendimentos.
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