Iraniana encontrou no Brasil liberdade religiosa que procurava
Série 'Brasil: o espelho do
mundo' mostra mulher expulsa do Irã por causa da religião e encontrou no Brasil
cultura e pessoas que sempre procurou.
Na 2ª reportagem da série
'Brasil: o espelho do mundo', você vai conhecer duas estrangeiras que vivem no
Brasil há muitos anos. Elas são de países que vão disputar a Copa e conseguiram
grandes vitórias no país.
De Manaus, em iraniano, um abraço
e uma mensagem de saudades para o pai que não recebe uma visita há 4 anos. Do
Rio de Janeiro, em francês, um recado para que o Brasil valorize sua diversidade.
Não é difícil encontrar essas e outras línguas por todos os cantos do Brasil.
A
Copa ainda vai atrair mais pessoas do mundo inteiro, mas este é um lugar que já
está acostumado a receber. Na Secretaria de Saúde de Manaus
trabalha Parnaz Imani, iraniana, no Brasil há 27 anos. Ela é da fé Bahai,
religião que prega a paz entre todas as crenças e que é proibida no Irã.
Depois da família ter todos os
bens confiscados pelo governo local, Parnaz e a irmã fugiram para o Paquistão,
onde receberam um documento da ONU permitindo que elas viessem para o Brasil
recomeçar a vida. “Povo brasileiro é um povo caloroso, gosta de pessoas, de
receber visitas. Acho que essa questão é o que mais chama a atenção”, comenta
Parnaz Imani.
Parnaz não tem mágoas, apenas
sente falta do Irã. Por isso, o orgulho em ver a seleção iraniana de futebol no
país que a acolheu. “Certamente, uma emoção grande”, diz. E se jogar Irã e Brasil? “Já
assisti um, mas no futebol de salão. Só estávamos eu e um amigo meu torcendo no
meio de todo mundo”, relembra Parnaz.
Ela casou e teve filhos. Mas, a saudade do pai ainda dói como um remorso. “Uma das coisas que mais me toca não é nem a perda de bens materiais, mas a falta de convivência do meu filho com a minha família”, lamenta.
O Brasil para a Parnaz foi um
refúgio, mas para uma francesa de 90 anos que abandonou a riqueza para viver em
uma casa simples, em Santa Cruz da Serra, Rio de Janeiro, o Brasil foi um lugar
com a cultura e com as pessoas que ela buscou durante toda a vida.
Giselle Cossard nasceu em uma
família rica, mas para ela isso não era o suficiente. “Todas essas normas da
burguesia eu não entendia, não admitia”, diz Giselle.
A procura começou durante a
Segunda Guerra Mundial. Giselle fez parte da Resistência Francesa, grupo que
lutou contra a invasão nazista, em Paris. Após a guerra, casou com um
embaixador francês e eles foram enviados a vários países da África e depois ao
Brasil. Ela conheceu a cultura negra dos morros cariocas e o Candomblé, e se
tornou mãe-de-santo.
“Eu não pretendia ser
mãe-de-santo. Mas, eu gostava do Brasil. A amizade com o pessoal foi difícil,
porque eu branca, estrangeira, de alta sociedade. Tudo isso travava a relação,
mas eu consegui vencer tudo isso”, comenta.
Giselle Cossard e Parnaz Imani. Pessoas diferentes, de culturas e religiões distintas, mas que encontraram no Brasil a paz que tanto desejavam.
Giselle Cossard e Parnaz Imani. Pessoas diferentes, de culturas e religiões distintas, mas que encontraram no Brasil a paz que tanto desejavam.
Fonte: http://g1.globo.com
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