Comunidades muçulmanas pelo mundo pedem fim da violência em nome da religião – Por Taíse Parente
Campanha contra os grupos
jihadistas:
"Not in my name"
("Em meu nome, não", em inglês)
Campanhas em redes sociais,
passeatas, declarações públicas. Revoltada com as ações de grupos jihadistas
extremistas, a comunidade muçulmana pelo mundo diz basta à violência perpetrada
por grupos extremistas islâmicos. Na Inglaterra, por exemplo, uma campanha da
Fundação Active for Change está fazendo sucesso na internet.
A ideia é usar a hashtag: "Not
in my name" ("Em meu nome, não", em inglês) para repudiar as
ações jihadistas. A mensagem é clara e impactante: não matem pessoas sob a
pretensão de fazê-lo em nome do Islã.
Na quarta-feira (24/09), o
assunto foi pauta do Conselho de Segurança da ONU. Durante a reunião, o
órgão condenou o extremismo e pediu que os países colaborem com troca de
informações para evitar a expansão do terrorismo pelo mundo.
No entanto, o chefe da diplomacia
portuguesa, o ministro Rui Machete, afirmou que mais do que condenar as
atrocidades cometidas pelos grupos terroristas, é importante que as autoridades
religiosas e os países muçulmanos se juntem à comunidade internacional contra o
extremismo.
"É muito importante ter a
colaboração dos países muçulmanos, dos muçulmanos em geral e das autoridades
religiosas para que as pessoas percebam que essa ação do grupo Estado Islâmico é
profundamente ilegítima, mesmo sob uma perspectiva religiosa. Mas antes, é
preciso manifestar esse repúdio através das autoridades religiosas para que
isso não pareça uma espécie de movimento do Ocidente contra o Oriente. É um
movimento dos povos civilizados e das pessoas que respeitam a dignidade humana
contra verdadeiros criminosos e assassinos", afirmou o ministro.
Estigmatização
Na França, a morte do guia
turístico Hervé Gourdel aumentou a revolta popular contra os atos
extremistas. Em Paris, o presidente do Conselho Francês do Culto Muçulmano,
Dalil Boubakeur, convocou uma manifestação para esta sexta-feira (26/09) em frente
à principal mesquita da cidade.
Por todo o país, franceses expressaram tristeza
e revolta com a morte do compatriota, afirmando que é necessário diferenciar
esses grupos terroristas dos muçulmanos em geral.
Segundo Camila Areas, especialista
em Islã na Europa, essa diferenciação e a percepção de que a violência do grupo
Estado Islâmico é ilegítima vai depender muito dos movimentos de repúdio que
vemos hoje entre os próprios muçulmanos. Isso porque a estigmatização da
religião muçulmana está cada vez mais forte no mundo e principalmente na mídia.
Origens
"É uma imagem que começou a
ser construída com a Revolução Iraniana em 1979, em seguida temos o 11 de
setembro e, desde então, a multiplicação de grupos terroristas islâmicos com
cunho político contribui para que a mídia possa se reapropriar de uma imagem
que é puramente negativa”, critica Areas.
Para ela, essa grande reação que
parte das grandes representações institucionalizadas pelo mundo afora vai
contrabalancear um pouco a estigmatização.
“No momento em que o público vê que
esses atos não são consenso, que são políticos e não representam a maioria dos
praticantes dessa religião, ele entende que precisa fazer uma diferença e que
não pode estigmatizar o Islã como uma categoria homogênea", explica a
especialista.
Nesse contexto, o risco é que o islã seja a primeira vítima da
violência de grupos jihadistas por todo o mundo árabe.
Fonte: http://www.portugues.rfi.fr
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