Evangélicos: 8 perguntas e respostas para ajudar no debate
Quantos são? De que forma estão
divididos? O que eles pensam? Qual será seu peso na eleição? Os evangélicos
estão no centro do debate eleitoral. Saiba mais sobre esse grupo
Apesar das campanhas negarem,
candidatos e partidos costumam se render aos interesses de líderes e igrejas
evangélicas em troca de apoio nas eleições. Essa situação não é
exclusiva da campanha de Marina Silva, candidata à Presidência pelo PSB.
A
aproximação de políticos e igrejas nas eleições e até mesmo durante atividade
parlamentar demonstra como os evangélicos ganharam importância entre a
sociedade brasileira atualmente. Saiba como e de que forma essa corrente
religiosa pode influenciar o resultado das urnas em outubro:
1. Qual o peso do voto evangélico?
Cerca de 22% dos brasileiros se
declaram evangélicos (42,2 milhões de pessoas), segundo o último censo do IBGE.
O país ainda segue com maioria católica (123,3 milhões, ou 64% da população),
mas o crescimento dos evangélicos foi de 61,45% em 10 anos. Por outro lado, os
evangélicos são mais unidos na hora de escolher seus candidatos. Segundo o
cientista político Cesar Romero Jacob, da PUC-Rio, há alguns anos, os
pentecostais e neopentecostais têm seguido o princípio: “irmão vota em irmão”.
2. Os evangélicos podem dar vitória
a um candidato?
Em um cenário acirrado como a
disputa entre Dilma e Marina, o voto evangélico pode ser um trunfo. As
candidatas de PT e PSB estão praticamente empatadas, segundo as últimas
pesquisas. Logo, a conquista de votos em massa de um setor da
população em crescimento, como é o evangélico, pode decidir uma eleição.
Segundo o Ibope, a maior vantagem de Marina está justamente no eleitorado evangélico.
Em São Paulo a candidata do PSB tem 49% dos votos dos eleitores dessa fé,
contra 20% de Dilma e 9% de Aécio. Entre os eleitores católicos, a disputa é
mais dura. Marina tem 36%, contra 25% de Dilma e 19% de Aécio, segundo o Ibope.
3. As denominações evangélicas fazem
campanha por candidatos?
É comum que diferentes correntes
ou líderes evangélicos anunciem apoio a determinado candidato e partido
político. O próprio Malafaia apoia, no primeiro turno, o candidato do PSC à
Presidência, Pastor Everaldo. No segundo turno, o líder da Assembleia de Deus
Vitória já declarou que vai de Marina. O bispo e ex-deputado Robson Rodovalho,
da Igreja Sara Nossa Terra, que tem 1,1 milhão de fiéis, também irá votar em
Marina e disse que pedirá a seus fiéis que votem na ex-ministra. A Universal do
Reino de Deus, por sua vez, vai apoiar Dilma. Já as Assembleias de Deus, dos
ministérios do Belém e Madureira, vão defender o voto no Pastor Everaldo.
4. Os líderes religiosos podem pedir
voto?
A Lei das Eleições proíbe que
pastores, bispos, padres, candidatos ou qualquer pessoa faça propaganda
eleitoral em ambientes como igreja e templos religiosos. A publicidade também
não pode ser feita por meio de cartazes, vídeos ou qualquer outra forma de
exposição. Mas, fora de templos, qualquer líder evangélico pode manifestar
apoio ou crítica a políticos e candidatos.
5. Marina Silva é de qual igreja?
A candidata do PSB é fiel, desde
2004, da Assembleia de Deus do Plano Piloto (Novo Dia), que fica em
Brasília. A igreja é ligada à Assembleia de Deus no Brasil, a maior denominação
evangélica no Brasil hoje. Segundo o último Censo, a Assembleia de Deus passou
de 8,4 milhões para 12,3 milhões em dez anos. Antes, Marina Silva pertencia à
Assembleia Bíblica da Graça.
6. Qual o tamanho da bancada
evangélica?
No Congresso são 73
parlamentares, sendo 70 deputados federais e três senadores, segundo o
Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP). A atividade da
chamada Frente Parlamentar Evangélica é intensa, principalmente quando estão em
pauta temas como a legalização do aborto, drogas ou a união civil de pessoas do
mesmo sexo. Entre os partidos, o PSC e o PR elegeram a maior quantidade de
representantes evangélicos.
7. Bandeiras comportamentais, como
aborto e casamento gay, são de fato importantes para os evangélicos na hora do
voto?
De acordo com especialistas, a
agenda comportamental costuma ser mais considerada para a maioria dos
evangélicos do que questões como a opinião sobre política macroeconômica,
pré-sal ou benefícios sociais. Além de ser um assunto importante para os
pentecostais, segundo Jacob, da PUC-Rio, são por meio das bandeiras
comportamentais, como casamento gay e aborto, que os evangélicos têm
distinguido um candidato dos outros.
8. Qual a opinião dos candidatos
sobre as bandeiras comportamentais discutidas hoje na campanha presidencial?
Marina Silva já declarou
publicamente que é contra o aborto, mas fala em plebiscito sobre a questão.
Também é contra o casamento gay, mas diz ser a favor da união civil entre
homossexuais. Aécio Neves também se posicionou contra a liberação do aborto,
mas, ao contrário de Marina, é a favor do casamento gay. Na campanha de 2010, a
presidenta Dilma assinou compromisso garantindo a grupos religiosos ser contra
o casamento gay, mas não se posicionou ainda nessa campanha.
Defendeu, na
semana passada, a criminalização da homofobia. Defendeu também a interrupção da
gravidez, “por motivos médicos e legais”, e sua realização em unidades do
Sistema Único de Saúde, o que já é previsto em lei.
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