Exposição conta história de muçulmanos que salvaram judeus durante Holocausto

Realizada em Cardiff, no País de Gales, mostra quer resgatar outros casos de colaboração entre as duas comunidades religiosas. 

Uma exposição dedicada à história de muçulmanos que salvaram a vida de judeus no Holocausto foi inaugurada em Cardiff, no País de Gales.

Segundo Stanley Soffa, presidente do Conselho Representativo Judaico nacional e responsável por levar a mostra para o país, trata-se de uma "história heroica". A exposição é parte do projeto Portas Abertas 2014, evento anual gratuito com diversas atrações, realizado em setembro.

The Righteous Muslim (ou "O Muçulmano Justo", em tradução livre) documenta a história dos bósnios muçulmanos que fizeram um grande esforço para preservar a tradição judaica durante a Segunda Guerra Mundial, por meio da proteção do Hagadá de Sarajevo, um manuscrito de 600 anos, que narra o êxodo do Egito e é lido na noite da Páscoa judaica.

Quando um oficial nazista veio para roubar o Hagadá, dois homens conseguiram levar os manuscritos para uma cidadezinha montanhosa acima de Sarajevo, escapando dos postos de controle nazistas. Um religioso muçulmano manteve a peça escondida debaixo do piso de uma mesquita, até que a guerra acabasse. 

"A exposição foi muito bem recebida em Londres no ano passado. Por isso, estamos muito satisfeitos por ter a oportunidade de compartilhar esta história com o povo de Gales", explicou Soffa.

"Para nós, é uma história de heroísmo, a de muçulmanos salvando vidas judaicas, o que proporciona uma ligação única entre as comunidades. Espero que possamos comemorar juntos e lembrar juntos", analisou.

A exposição tem como objetivo estimular novas pesquisas sobre os casos de colaboração entre comunidades muçulmanas e judaicas.

"O Holocausto é, provavelmente, o evento mais documentado da história moderna, mas até hoje poucas pessoas sabiam sobre esse evento factual durante a Segunda Guerra Mundial, quando dois universos religiosos se uniram para salvar um deles", explica Saleem Kidwai, secretário-geral do conselho islâmico do País de Gales.

"Essas comunidades desapareceram no fim da Segunda Guerra Mundial. Como as pessoas das antigas gerações já morreram, há o medo de se perder estas histórias", diz Kidwai.

O programa é a maior celebração anual gratuita de arquitetura e patrimônio realizada no País de Gales e no Reino Unido. É, também, o maior evento de voluntariado no setor.


"O Portas Abertas oferece aos visitantes locais e estrangeiros a oportunidade de explorar o fascinante patrimônio construído no País de Gales, com eventos que conectam a história", afirma John Griffiths, ministro da Cultura do País de Gales.



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