Cristãos são mais perseguidos por dinheiro do que pela religião
O patriarca dos católicos da
Síria, Gregorios III Laham, considera, em entrevista à Lusa, que a origem do
movimento terrorista Estado Islâmico constitui ainda um "mistério" e
que os cristãos são perseguidos por motivos financeiros.
Para o líder religioso católico,
na Síria, apesar da guerra, as relações entre as pessoas "é a mesma de
sempre"
"Os cristãos tornaram-se num
meio de eles ganharem dinheiro", afirmou Gregorios III Laham, Patriarca da
Igreja Católica Greco-Melquita de Antioquia e de todo o Oriente, Alexandria e
Jerusalém, que não acredita em confronto de religiões no Iraque e na
Síria.
"Esta gente não é religiosa,
dizem que são muçulmanos, mas quem é esta gente? Pessoas convertidas ao Islão à
pressa na Suécia ou na Holanda? O que sabem eles do Islão? Eu acredito que, na
maior parte dos casos, são oportunistas, mercenários. Por isso, os ataques
contra os cristãos na Síria não podem ser interpretados como uma perseguição
religiosa", disse à Lusa Gregorios III Laham, que está em Lisboa até ao
dia 03 de Novembro a convite da Fundação AIS, Ajuda à Igreja que Sofre e
participa hoje numa conferência sobre a situação dos refugiados.
Para o líder religioso católico,
na Síria, apesar da guerra, as relações entre as pessoas "é a mesma de
sempre" e a maior parte dos ataques contra "cristãos e
católicos" foram dirigidos para a obtenção de dinheiro e outros bens.
"Se eles (Estado Islâmico)
não têm qualquer fé também não podem perseguir o outro por causa da fé a não
ser que seja por causa do dinheiro e de outros bens que podem ser
roubados", diz, acrescentando que a origem do movimento constitui ainda "uma
grande interrogação".
"Eu não sei quem é esta
gente do Estado Islâmico, para mim é magia, um mistério. Como é que conseguiram
organizar-se em tão pouco tempo? Como é que trinta mil pessoas conseguiram
tanta força? Dominam tanta gente e em tão vasto território? Para mim é um
mistério e na maior parte não têm qualquer noção sobre o sentido da vida. São
artificiais, são pagos. Não são islâmicos, nisso não posso acreditar",
resume Gregorios III.
Agora, o resto do mundo não pode
ter medo: "Temos de pensar de forma racional e convido a Europa e os
Estados Unidos, a Rússia, a China e todos a concertarem posições pela salvação
do mundo, caso contrário teremos a III Guerra Mundial".
A solução, diz, é "paz e não
as armas" até porque, há muitos que "querem, através da guerra,
levantar a economia da Europa com a venda de armamento, que se tornou num bom
negócio".
"O Santo Padre já disse que
um dos maiores pecados da actualidade é o tráfico de armas e eu também penso. A
Síria é hoje um grande local para o negócio de armas", acusa.
Gregorios III Leham defende o
"consenso" como solução e levanta dúvidas sobre a coligação (contra o
terrorismo) que "apenas vai causar mais guerra".
"Eu sou pelo consenso não
apenas por uma coligação e disse-o numa carta que enviei a Obama. Caso
contrário, vai ser mais uma batalha e depois mais uma guerra", afirma
acrescentando que é preciso auxiliar os refugiados das guerras da Síria e do
Iraque.
"É uma tragédia, estamos a
prestar ajuda directa a partir de Damasco a oito mil famílias. Tenho de
arranjar dinheiro todos os meses para conseguir ajuda para eles", diz,
sublinhando que é "preciso" tirar lições do passado para se conseguir
a paz entre os povos.
Fonte: http://www.sol.pt
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