A respeitada instituição sunita Al-Azhar se revolta contra o EI
A Al-Azhar, que pregou a morte
dos combatentes do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), é uma das instituições
do Islã sunita mais renomadas, com sede no Egito, mas cujas posições são muito
respeitadas em todo o mundo árabe-muçulmano.
A instituição milenar é um dos
principais centros teológicos do sunismo, o principal ramo do Islã, e defende
há anos uma religião moderada e o diálogo com os cristãos.
Por isso não surpreendeu que a
instituição tenha se levantado rapidamente contra os jihadistas do EI, que
dizem querer instaurar um "Califado islâmico" e que impõem sobre os
territórios que controlam no Iraque e na Síria uma interpretação brutal da
sharia (lei islâmica).
O grupo, acusado de limpeza
étnica e crimes contra a humanidade pela ONU, tem multiplicado seus abusos,
decapitações, sequestros, crucificações, em áreas sob seu controle.
O grande imã da Al-Azhar, xeque
Ahmed al-Tayeb, não hesitou em usar as palavras mais duras para condenar as
ações do grupo em nome do Islã. Há tempos, ele chamou os membros
do EI de "criminosos" que "contaminam a imagem do Islã e os
muçulmanos", denunciando os "crimes bárbaros" cometidos pelos
extremistas.
Nesta quarta-feira, o grande imã
condenou com firmeza a execução de um piloto jordaniano, queimado vivo pelos
jihadistas, indicando que "o castigo previsto pelo Corão para estes
agressores corruptos que combatem Alá e seu profeta é: a morte, a crucificação
e a amputação de mãos e pés".
Em setembro, quando os Estados
Unidos tentavam estabelecer uma coalizão internacional para lutar contra o EI,
o secretário de Estado americano, John Kerry, não deixou de ressaltar durante
uma visita ao Cairo a importância da Al-Azhar nesta luta.
Al-Azhar convidou no início de
dezembro dezenas de clérigos muçulmanos e cristãos para uma conferência
internacional sobre "terrorismo". As autoridades religiosas
reunidas no Cairo exortaram os cristãos do Oriente Médio a não fugir da região,
apesar da perseguição pelos grupos terroristas.
Oficialmente, a Al-Azhar mantém
distância da conservadora Irmandade Muçulmana e dos fundamentalistas salafistas,
embora dentro da instituição haja apoiadores destas ideologias.
Seus críticos a acusam de, muitas
vezes, se alinhar com as posições do governo egípcio ou ser muito conservadora
em sua interpretação do Islã. A Al-Azhar também supervisiona
uma ampla rede de universidades em todo o país e continua a receber a cada ano
alunos de todo o mundo muçulmano.
A mesquita-universidade foi
fundada em 970 pela dinastia xiita dos Fatimidas, que governou o Egito de 969
até 1171. Com a queda da dinastia e a ascensão de um poder sunita, a
instituição tornou-se sunita.
Al-Azhar, que significa "a
mais bela" ou "mais bem sucedida" em árabe, foi nomeada em
homenagem à Fátima al-Zahra, filha do profeta Maomé.
Fonte: http://www.em.com.br
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