Minoria muçulmana alevi protesta para pedir ensino laico na Turquia
Várias associações da minoria
muçulmana alevi da Turquia e um sindicato de professores convocaram nesta
sexta-feira um boicote das escolas públicas para exigir um ensino laico neste
país de maioria sunita.
Segundo a imprensa turca, o
movimento foi seguido em muitas cidades, como Istambul, Ancara e Izmir (oeste).
Nesta última, a polícia dispersou uma manifestação de 2.000 pessoas, em sua
maioria professores, com mangueiras de água e bombas de gás lacrimogêneo,
informou a agênia de notícias Dogan.
Ao menos 40 pessoas foram
detidas, acrescentou uma fonte judicial. Cerca de 2.000 pessoas protestaram no
centro de Ancara e outras 1.000 tomaram as ruas de Istambul.
"Não envio meu filho à aula
hoje para denunciar o islamismo descontrolado praticado no ensino público, que
se converteu em ensino islâmico", afirmou à AFP Ahmet, um funcionário de
Ancara que pediu o anonimato.
Ahmet denuncia as aulas de
religião obrigatórias nos centros públicos. Os alevis, um grupo muçulmano
heterodoxo e progressista que constitui cerca de 20% dos habitantes da Turquia,
consideram que estas aulas dão prioridade à visão sunita do Islã e denigrem a
aprendizagem da ciência.
Em uma decisão de setembro, a
Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH) considerou que a aprendizagem
obrigatória das religiões imposta na Turquia não respeita a liberdade de crença
dos pais e pediu uma reforma do sistema sem demora.
Apenas os alunos cristãos ou
judeus, as duas minorias religiosas reconhecidas na Turquia, podem ficar
isentos destas aulas de religião. O primeiro-ministro turco, Ahmet
Davutoglu, estima, no entanto, que o ensino obrigatório das religiões é uma
forma de lutar contra a radicalização dos grupos jihadistas.
O presidente turco islamita
conservador Recep Tayyip Erdogan, no poder desde 2003, é acusado por seus
opositores de querer islamizar a Turquia.
Fonte: http://www.em.com.br
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