Como tratar a intolerância religiosa? – Por Vinícius Andrade
A proibição do uso de saia
comprida em um colégio na França reacendeu a discussão sobre a liberdade de
crença nesse país europeu, bem no Brasil, em que existe uma sensação de
'liberdade' religiosa.
Aceitar e conviver com as
diferenças é um dos maiores desafios da sociedade. No início de maio, o caso da
estudante muçulmana Sarah, de 15 anos, barrada duas vezes no portão de uma
escola francesa porque usava uma saia longa e preta, repercutiu no mundo todo.
Na visão dos diretores do colégio, a vestimenta da garota representava uma
ostentação religiosa. Na França, usar qualquer símbolo relacionado à religião
no ensino público é proibido por lei. Mas, será que uma burca ou saia comprida
é afronta às demais crenças? É possível um convívio harmonioso entre religiões
distintas num país democrático e laico?
A história de Sarah inflamou as redes sociais e deu origem à campanha: "Je Porte Ma Jupe Comme Je Veux" (eu uso minha saia como quiser, em português). Em 2014, um grupo contra a islamofobia na França recebeu quase 100 denúncias de casos similares. Desde o início de 2015, a organização trata de 20 ocorrências.
A história de Sarah inflamou as redes sociais e deu origem à campanha: "Je Porte Ma Jupe Comme Je Veux" (eu uso minha saia como quiser, em português). Em 2014, um grupo contra a islamofobia na França recebeu quase 100 denúncias de casos similares. Desde o início de 2015, a organização trata de 20 ocorrências.
Segundo Carlos Frederico Barbosa, professor de cultura religiosa
da PUC Minas, a prática religiosa se fundamenta em simbologias. "Se a
pessoa não pode usar aquilo que expressa sua crença, fica complicado, acaba
gerando uma perspectiva não democrática", declara o especialista.
No Brasil, a constituição e
outras legislações preveem a liberdade de crença aos cidadãos, além de proteção
e respeito às manifestações religiosas.
Apesar das garantias de igualdade previstas em lei, o convívio harmonioso nem sempre acontece. De acordo com o professor da PUC Minas, as religiões afro-brasileiras ainda sofrem muita resistência da população.
"Eu já
presenciei práticas intolerantes contra pessoas adeptas do candomblé e da
umbanda. No Brasil, existe a coibição por acharem que essa religião é
demoníaca, que não compartilha da verdadeira fé, o que não deixa de ser uma
prática antidemocrática", comenta Carlos Frederico Barbosa.
Para o sociólogo Ricardo Ferreiro
Ribeiro, também professor da PUC Minas, o princípio para uma convivência
saudável entre diferentes credos é a tolerância. "O que não é sagrado para
mim, pode ser para o outro. Em alguns casos, é até possível encontrar
celebrações conjuntas. Ano passado, assisti a uma celebração religiosa na
comunidade quilombola feita por um padre, um pastor e por um pai de santo",
conta o sociólogo.
A solução
O caminho apontado pelos
especialistas para uma sociedade mais tolerante é a educação. "A escola
tem papel fundamental, porque é o lugar em que a pessoa adquire a primeira
experiência com o 'diferente'. As instituições de ensino precisam trabalhar o
respeito nas diversidades, não só religiosas, como em outros aspectos
também", orienta Ricardo Ribeiro.
Na concepção de Carlos Frederico,
os ensinos religiosos não devem focar somente nas concepções cristãs. "É
importante as pessoas compreenderem a matriz africana, o espiritismo, a prática
islâmica, e outras religiões. O processo educacional deve abordar as
diferenças, para que a sociedade cresça em meio às adversidades", destaca
o especialista.
Fonte: http://sites.uai.com.br
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