Evangélicos são os religiosos que mais atuam nas penitenciárias do RJ - Por Leiliane Roberta Lopes
São mais de 1100 voluntários que
prestam apoio espiritual aos detentos.
Os evangélicos são os religiosos
que mais trabalham dentro de penitenciárias, nas próximas semanas será
divulgada uma pesquisa que destaca este tipo de trabalho.
O estudo: “Assistência religiosa
em prisões do Rio de Janeiro: um estudo a partir da perspectiva de servidores
públicos, presos e agentes religiosos (e uma proposta de recomendação à Seap)”
foi desenvolvido pelo Instituto de Estudos da Religião (Iser) com coordenação
do pesquisador Clemir Fernandes.
“Esta predominância acompanha uma
tendência de crescimento dos evangélicos na sociedade, apontada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na pesquisa, percebemos que tanto
para os detentos quanto para os funcionários das penitenciárias, a presença
religiosa tem um efeito apaziguador e calmante em um ambiente muito tenso”,
afirmou.
De acordo com os dados recolhidos
pelo Iser, das 100 instituições religiosas com autorização para entrar nas
penitenciárias do Rio de Janeiro, 81 são igrejas evangélicas. Destas, 47 são pentecostais,
20 de missão e 14 de outras origens. As demais são oito instituições católicas,
seis espíritas, três Testemunhas de Jeová e uma de origem umbandista.
Na Penitenciária Esmeraldino
Bandeira, no Complexo de Gericinó há uma ala só para detentos que aceitaram a
evangelização dos cristãos protestantes. As celas abrigam 1.425 detentos que
são fiéis de oito instituições diferentes.
A ala recebe cerca de 1.194
voluntários que atendem os presidiários e oferecem apoio emocional e
espiritual. “Eu adoro estar aqui. Faço isso para Jesus, para Deus, é um
prazer”, disse Edson Lisboa, de 84 anos, que é membro da Igreja Universal do
Reino de Deus.
Mas se por um lado a
religiosidade ajuda na recuperação dos detentos, por outro a criação de um ala
especial para os evangélicos enfrenta resistência. “Eu não posso dizer se a divisão
é positiva ou negativa. Isso ainda está em pauta. A princípio, pensamos na
segregação como algo negativo, mas ela pode ser benéfica para não incomodar
detentos não-religiosos com vigílias e cultos nas celas, por exemplo”, diz
Teresinha Teixeira de Araújo, assistente social da divisão de planejamento e
intercâmbio setorial da Seap.
No estudo o Isep recomenda
espaços ecumênicos para que cultos de diferentes religiões sejam realizados sem
segregar os detentos em alas especiais. Mas esse tipo de separação pode impedir
casos de intolerância religiosa.
Porém, assim como do lado de fora
algumas manifestações de intolerância são sentidas dentro da prisão,
principalmente contra membros do Candomblé que relatam casos de confronto de
ideias.
Comentários