Teologia do futuro poderá unir religiões?
Embora pareça que as religiões
tenham um "ingrediente secreto" que torna as pessoas felizes, as
igrejas tradicionais estão perdendo espaço para o misticismo, que rompe
com os grilhões das igrejas e das ciências.
"As teologias tradicionais
não fornecem mais respostas suficientes para o crescente desafio da diversidade
religiosa e dos conflitos que surgem entre as diversas confissões."
A afirmação é do teólogo Perry
Schmidt-Leukel, da Universidade de Munique (Alemanha), que está defendendo uma
"teologia do futuro", que una os diversos aspectos da diversidade
religiosa.
"Em vez de continuar a
construir uma teologia específica para cada religião, devemos optar por uma
teologia interreligiosa," defende Schmidt-Leukel.
Teologia ecumênica
Para se tornar a teologia do
futuro, essa teologia interreligiosa deverá mostrar que religiões como o
Cristianismo, o Islamismo e o Budismo assemelham-se muito mais do que se
pensava anteriormente, mas tudo deverá ser feito com respeito à diversidade
interna de cada crença.
"A teologia interreligiosa,
em contraste com a filosofia intercultural, leva a dimensão confessional da
religião a sério," prossegue o estudioso, destacando que as confissões de
Maomé como "o Profeta", de Jesus como "o filho de Deus" e
de Gautama como "Buda", partilham características básicas a respeito
de suas motivações fundamentais.
Segundo ele, mesmo por trás de
uma rejeição de outras crenças, muitas vezes há mais coisas em comum do que se
espera, por exemplo, em rejeições que o outro realmente não defende da forma
como o rejeitador se refere.
"O que distingue as
religiões muitas vezes também pode ser encontrado, em forma diferente, como
diferenças dentro da própria religião. Em vez de considerar outras religiões
como uma ameaça, eles podem enriquecer a própria crença. Essa percepção permite
que a teologia ecumênica seja alargada para formar a teologia
interreligiosa," diz Schmidt-Leukel.
Teologia interreligiosa
Segundo a proposta, a teologia
interreligiosa não se baseia somente nas escrituras sagradas de uma religião
específica, mas também nas escrituras sagradas das outras: "Isso
proporciona grandes oportunidades para lidar com a crescente diversidade
religiosa em nossa sociedade."
Para Schmidt-Leukel, mais cedo ou
mais tarde, as teologias tradicionais de todas as religiões irão se desenvolver
rumo à teologia interreligiosa. Esta forma de buscar teologia e refletir sobre
as crenças coloca as diferentes perspectivas religiosas e confessionais em uma
troca permanente.
"A teologia interreligiosa
tem como objetivo compreender as razões e os motivos de diferentes afirmações
religiosas e, na medida do possível, de compartilhá-las," finaliza
Schmidt-Leukel.
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