Matriz renascida das cinzas em Pirenópolis – Por Eliane de Souza
O cartão-postal de Pirenópolis é
a Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário. É possível avistar a construção em
estilo colonial de qualquer ponto da cidade.
Isso faz com que uma volta pelo
centro revele novo ângulo para as fotos do templo. Ora a edificação branca está
entremeada por palmeiras, ora alaranjada pelo pôr do sol ou iluminadas em
tonalidades de lilás ao anoitecer.
A igreja, consagrada a Nossa
Senhora do Rosário, padroeira de Pirenópolis, começou a ser construída em 1728
por meio de um sistema misto em taipa de pilão (barro socado), adobe (tijolo
cozido ao sol), alvenaria de pedra e madeira. As paredes têm um metro e meio de
espessura e a construção foi erguida de forma que sua fachada fosse iluminada
pelo sol a qualquer hora do dia.
Em 2002, a igreja sofreu um
incêndio que consumiu o teto e todo o interior do templo. As obras de
restauração ocorreram entre 2003 e 2006.
Quanto aos elementos artísticos
destruídos pelo fogo, o tempo tratou de buscar no passado uma curiosa solução.
Havia na cidade duas igrejas do Rosário: a dos brancos e a dos negros.
Impedidos de frequentar a matriz que haviam ajudado a erguer, os escravos se
viram obrigados a construir outra versão para a mesma santa de devoção.
Por
muitos anos, os dois edifícios conviveram com suas fachadas voltadas uma para a
outra. A igreja dos negros sofreu com a ação de intervenções mal-sucedidas e
desmoronou, ficando o seu altar-mor preservado e guardado por mais de 60 anos.
Ele foi realocado na igreja matriz, com um emocionante ato de fé que passou por
cima das diferenças de raças. Casar-se em Pirenópolis tornou-se algo charmoso.
Aos fins de semana, a igreja lota com a cerimônia de famílias ricas de Goiânia
e Brasília.
Cavalhadas são herança cultural
A cavalhada de Pirenópolis,
tombada como patrimônio cultural imaterial pelo Iphan (Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional), é uma mistura de várias celebrações e dá
colorido especial à Festa do Divino, realizada 50 dias após a Páscoa.
A tradição vem da Europa, como
representação das lutas entre mouros e cristãos na França, quando o imperador
Carlos Magno ordenou o combate contra os sarracenos na divisa com a Península
Ibérica. São dois exércitos, com 12 cavaleiros cada, que durante três dias se
apresentam às tardes no Campo das Cavalhadas encenando a luta ricamente ornados
e com belíssimas coreografias sobre cavalos.
Junto à manifestação, encontra-se
a presença dos mascarados, personagens incontáveis que se vestem com máscaras e
saem às ruas, a cavalo ou a pé, fazendo algazarras. O personagem típico de
Pirenópolis usa máscara de boi em papel laminado, roupas de tecido brilhante ou
chitão e decora-se com flores de papel crepom, as chamadas Flores dos
Mascarados. Inicialmente, as máscaras eram usadas para que os escravos também
pudessem se divertir.
O folião de Pirenópolis tem
tamanho apreço pela festa que não é incomum vê-lo solicitando empréstimo em
banco para poder aproveitar os nove dias de festa. As comitivas cavalgam pela
zona rural.
Os fazendeiros, por sua vez, oferecem o jantar e a hospedagem aos
mascarados. É costume que o anfitrião reúna no altar todas as imagens de santo
que tiver em casa para que os foliões realizem uma reza cantada. Depois da
missa, o sagrado dá lugar ao profano, com festa que adentra a noite ao som de
forró e é prestigiada por toda a comunidade. Há relatos de fazendas que já
juntaram cerca de 15 mil pessoas.
Agito na Rua do Lazer
Depois de um dia repleto de
atividades ligadas à natureza ou de uma tarde de compras nas lojas de
artesanato do centro, é na Rua do Lazer que turistas e locais se encontram nas
noites de sexta a domingo.
A via é um atrativo consagrado de
Pirenópolis. Serve de ponto de encontro de festas, shows, gastronomia e lazer.
Está localizada em um quarteirão da histórica Rua do Rosário, com vários
restaurantes e bares que oferecem culinária diversificada, instalados em casas
de estilo colonial e iluminados por românticos postes de luz. A diversão começa
na hora do jantar e pode seguir madrugada adentro.
Assim como todo o resto da
cidade, a rua era uma pacata área residencial habitada por moradores
tradicionais. Depois, virou uma agitada via de comércio até se transformar em
ponto de encontro de diversas tribos, que ocupam mesas e cadeiras pela calçada,
delicadamente decoradas com luminárias coloridas e velas.
As opções gastronômicas vão desde
pizza, para paulista nenhum sentir saudade de sua rotina gastronômica, a
restaurantes que servem pratos criativos e com forte apelo regional, como o
Empório do Cerrado, com seu risoto de pequi com queijo coalho sobre filé de
frango em creme de milho com queijo roquefort e pesto de castanha-baru.
Fonte: http://www.dgabc.com.br
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