Mostra de Cinema e Direitos Humanos da América do Sul – Por Lívia Corbellari
Cabra Marcado Para Morrer (1984)
se tornou um mito quando imortalizou o líder camponês João Pedro Teixeira,
assassinado em 1960 por ordem de latifundiários de Pernambuco.
Apesar de todas
as adversidades, o cineasta Eduardo Coutinho não desistiu de seu projeto nem
quando foi interrompido pela ditadura militar e só pode finalizar o filme 17
anos depois.
Pelos seus documentários
questionadores e a sua sensibilidade em contar histórias e ouvir o que as
pessoas têm a dizer, Eduardo Coutinho é o grande homenageado da:
7ª Mostra
Cinema e Direitos Humanos na América do Sul
No estado a mostra ainda está em
sua segunda edição e começa nesta segunda (3) e segue até sábado (8), no Cine
Metrópolis, na Ufes. Confira aqui a programação.
Na programação em homenagem a Coutinho
estão, além da cópia restaurada de Cabra Marcado Para Morrer, os filmes Santo
Forte (1999), um mergulho na intimidade de católicos, umbandistas e evangélicos
de uma favela carioca, e O Fio da Memória (1991), mosaico sobre a experiência
negra no Brasil a partir da figura de um artista popular.
“A seleção de filmes questiona a
forma como os direitos humanos são aplicados e procura estabelecer um diálogo
com os espectadores”, explica Sáskia Sá, uma das organizadoras da edição
capixaba do evento. Ao todo serão exibidos 37 filmes, incluindo vários títulos
inéditos no país, em 26 capitais estaduais brasileiras e o Distrito Federal,
sempre com entrada franca.
A noite de abertura contará com
um coquetel e a presença de representante da Cinemateca Brasileira, um dos
órgãos organizadores da mostra junto com a Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República. Durante o evento também haverá um intérprete de
libras.
Em todos os locais haverá
acessibilidade a pessoas com deficiência e as sessões de quinta-feira (6), das
14h e das 16h, serão em closed caption para deficientes auditivos e com
áudiodescrição das cenas para os deficientes visuais. “Nesse mesmo dia serão
distribuídas vendas para aqueles que preferirem imergir em uma obra audiovisual
de uma forma diferente”, conta Sáskia.
“São vários temas envolvidos,
entre eles questões religiosas, étnicas, sociais, de infância, de gênero e
sobretudo respeito às diferenças. Por isso há uma preocupação para que todos
possam assistir aos filmes e entender a mensagem da Mostra”, completa a
organizadora.
Sáskia também destaca duas obras
que focalizam a Lei Maria da Penha, o média-metragem Silêncio das Inocentes, de
Ique Gazzola, e o curta Maria da Penha: Um Caso de Litígio Internacional, de Felipe Diniz. “Esse é um assunto que não pode ser deixado de lado,
precisa ser a todo o momento lembrado e discutido”, diz.
A programação traz ainda uma
série de títulos inéditos no circuito comercial, como os longas-metragens Hoje,
de Tata Amaral, que aborda os reflexos atuais de fatos ocorridos durante a
ditadura militar, e O Dia Que Durou 21 Anos, de Camilo Tavares, um documentário
que revela documentos secretos que confirmam articulações de governos
norte-americanos para a derrubada do presidente João Goulart, seguido pelo
golpe militar.
Também inédito comercialmente no
país, o colombiano Chocó, de Johnny Hendrix Hinestroza, também integra a
mostra. A obra destaca os problemas do desemprego, do desalojamento e da
violência doméstica. O indicado oficial pelo Uruguai ao Oscar de Filme
Estrangeiro, A Demora, mostra uma mulher, de família pobre, que não consegue
internar seu idoso pai em um asilo e acaba tomando uma atitude drástica.
Na programação está ainda Elvis
& Madona (foto acima), longa vencedor do Prêmio da Associação de
Correspondentes Estrangeiros (ACIE), nas categorias de Melhor Ator para Igor
Cotrim, Melhor Atriz para Simone Spoladore, Melhor Diretor para Marcelo Laffitte
e Melhor Filme segundo o júri popular. O divertido enredo acompanha o
envolvimento de uma travesti com uma jovem entregadora de pizza.
A Mostra de Cinema celebra o aniversário da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela Assembleia Geral das
Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948.
Serviço
A 7ª Mostra de Cinema e Direitos
Humanos da América do Sul começa nesta segunda-feira (3) e segue até o sábado
(8) no Cine Metrópolis. Entrada Franca. Agendamento para grupos especiais:
3382-6694 (Vanusa).
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