Teólogo critica a Veja por matéria sobre profissão de pastor com salário de até R$ 22 mil - Por Amanda Gigliotti
Recentemente, a revista Veja
abordou o processo de formação de pastores pela Escola de Líderes da Associação
Vitória em Cristo (Eslavec) que aconteceu em dezembro do ano passado, em Águas
de Lindóia.
A matéria com foco no lado financeiro e profissional da função
pastoral levantou críticas por parte de líderes evangélicos reconhecidos.
Um repórter da revista “camuflou-se”
no meio dos alunos e relatou sobre o processo desde a ida dos participantes ao
curso, que teve uma taxa de inscrição de R$700, até os ensinamentos no local. O
instrutor principal do curso foi o pastor Silas Malafaia, presidente da
Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que reúne 120 igrejas no Brasil, segundo
a publicação.
A matéria cita que os salários
mensais que Malafaia chega a pagar aos seus pastores vai até R$ 22.000 e
compara com os salários da Igreja Renascer em Cristo (entre R$ 1.500 e R$15.000
aos membros mais graduados); Igreja Universal (entre R$ 1. 500 e R$ 10.000) e
Mundial do Poder de Deus (R$ 15.000). Os dados são citados pela Veja a partir
de especialistas no assunto.
Sobre o discurso de Malafaia no
curso, está o destaque no ensinamento de honrar o pacto de fidelidade à sua
igreja de origem. Segundo a revista, isso faz alusão clara aos que deixam os
templos levando junto parte do rebanho e do respectivo dízimo.
A publicação aponta também a
formação de um supermercado da fé no local que acontecia entre uma palestra e
outra. E mostra participantes em uma área “vip” do evento que incluíram a
pastora Sarah Sheeva e o pastor norte americano T.D. Jakes, pregador de Dallas
que normalmente cobra US$ 300.000 por palestra.
Para a revista, o evento da
Eslavec é um exemplo do atual grau de profissionalização do negócio de formação
dos pastores.
O reverendo Mauro Meister,
Professor de Antigo Testamento e Coordenador do programa de MDiv. da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, entretanto, criticou a matéria por sua
parcialidade, “dando um quadro falso a respeito da verdade como um todo.” Segundo o líder, a reportagem não
passa de uma generalização.
“Além das igrejas mencionadas,
existem muitas outras, sérias e comprometidas com a formação acadêmica e
pastoral dos seus ministros e que não fizeram e nem fazem do pastorado uma
profissão. Que se fizesse ao menos uma ressalva... mas, nada é dito”, expressou
sua indignação ele, em seu blog.
“Minha indignação é que o leitor,
depois de ler a VEJA SP, olhe para todos os pastores da maneira como descrito
pela revista.”
Para contrapor-se ao método de
formação de pastores descrito pela revista ele descreveu o processo de formação
de um pastor na Igreja Presbiteriana do Brasil.
Entre os dos passos estão o de
ser membro há no mínimo 3 anos; ter passagem por um instituto bíblico por um
período de 1 a 2 anos; curso teológico entre 4 e 5 anos e obra pastoral com
período de experiência de um a dois anos.
O reverendo afirma que apesar de
alguns comentarem “assim, nem Jesus poderia ser pastor nesta igreja”, o
importante é que os homens mostrem idoneidade ao transmitir a Palavra de Deus e
trabalhar com as ovelhas de Cristo. Nicodemus ressalta ainda que o salário da
IPB está muito longe de 22 mil reais.
Comentários