Karen Armstrong - Compaixão como o Centro das Religiões - Por Monja Isshin
Uma das mais respeitadas historiadoras
da religião em atividade, Karen Armstrong não se contenta em pesquisar em
fontes antigas.
A inglesa, que proferiu ontem a
primeira palestra do ciclo Fronteiras do Pensamento, vem se dedicando a uma
tarefa prática e, para ela, essencial: devolver a compaixão ao centro moral de
qualquer prática religiosa.
Para um salão de atos lotado, Karen
Armstrong passeou, ao longo de sua fala, por diversas histórias e fundamentos
de diferentes religiões ao redor do globo: judaísmo, cristianismo, islamismo,
budismo, com passagens por grandes obras da tradição literária, como a Ilíada,
de Homero. Todas as religiões, para ela, trazem em seu coração um princípio
comum ao qual ela deu o nome de “Regra de Ouro”.
– Todas as principais religiões do
mundo desenvolveram algo que pode ser chamado a Regra de Ouro. Não é uma
doutrina, é um teste para a verdadeira espiritualidade: nunca trate alguém como
não gostaria de ser tratado – disse.
Armstrong começou sua palestra
assumindo a dificuldade de definir o que é religião – algo que sempre permeou a
vida humana, mas foi transformado em algo apartado após o começo da era
moderna. A religião, para ela, passa, contudo, pela capacidade de vencer ou pôr
de lado o ego, aquilo que, segundo ela, “nos mantém afastados do que há de
melhor em nós”.
Outro elemento fundamental da prática religiosa, para ela, é a
identificação do outro como alguém igual, merecedor de uma empatia que não
nasce naturalmente, mas é exercitada continuamente.
- O conhecimento religioso não é algo
que se faça apenas dentro da cabeça, é uma prática, como andar de bicicleta,
dirigir ou nadar. Você não aprende lendo livros ou manuais, você tem de entrar
no carro e pisar nos pedais, ou mergulhar, entrar na água. Religião tem mais a
ver com fazer coisas do que pensar coisas – disse.
A necessidade de prática foi reforçada
constantemente em seu discurso. Para ela, mitos não são, como a idade moderna
os apelidou, mentiras. São guias práticos e simbólicos para a ação, e só fazem
sentido dentro dos rituais práticas nos quais estavam inseridos. Karen, que investiu
o dinheiro que recebeu ao ser agraciada com o TED Prize em um instituto para
aprofundar sua ideia de espalhar a compaixão pelo mundo em questões práticas,
como a organização das comunidades, encerrou falando de sua experiência à
frente da entidade, Charter for Compassion. Ao mencionar o episódio da Ilíada,
de Homero, na qual o grego Aquiles devolve ao rei troiano, seu inimigo, o
cadáver do filho morto em combate, ela resumiu o que considera o centro da
prática moral da compaixão:
- Ter compaixão é reconhecer que seu
inimigo também sofre.
O Fronteiras do Pensamento Porto Alegre
é apresentado pela Braskem e tem o patrocínio de Unimed Porto Alegre, Weinmann
Laboratório, Santander, CPFL Energia, Natura e Gerdau. Promoção Grupo RBS. O
projeto conta com a UFRGS como universidade parceira e com a parceria cultural
de Unisinos, Prefeitura Municipal de Porto Alegre e Governo do Estado do RS.
Fonte: http://wp.clicrbs.com.br
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