Intolerância ao islamismo começa dentro de casa - Por César Rosati
Segundo especialista, grupos
extremistas que usam o Islã como pano de fundo em atos terroristas ajudam a
criar uma falsa imagem da religião.
Foi com a própria família que
Geizianne Guedes passou por um dos piores momentos na religião que escolheu há
quatro anos. Sarah Ghuraba, como prefere ser chamada, diz que a forma de se
vestir foi encarada como uma afronta pelos familiares. 'Minha mãe achava que ia
ser só mais uma religião que logo ia passar, mas não passou. Então ela começou
a me boicotar.'
As histórias se repetem. Os
muçulmanos ouvidos pela reportagem CBN dizem que os casos de preconceito contra
eles são frequentes: dentro e fora de casa.
Na Zona Oeste de São Paulo, Ridson Mariano Paixão se transformou em Sharif Abdul Hakim quando entrou para o Islã há 10 anos. Poeta e ativista do movimento negro, o muçulmano de 32 anos conta que a mãe sofreu muito ao saber que ele iria seguir outra religião.
Na Zona Oeste de São Paulo, Ridson Mariano Paixão se transformou em Sharif Abdul Hakim quando entrou para o Islã há 10 anos. Poeta e ativista do movimento negro, o muçulmano de 32 anos conta que a mãe sofreu muito ao saber que ele iria seguir outra religião.
Segundo Sharif, a opção pelo Islã
frustrou um desejo específico da mãe. De origem evangélica, ela queria que
Sharif seguisse os passos da igreja e se transformasse em um membro da
comunidade. Desde sempre, ele frequentou a igreja e não esperava tal reação ao
mudar de religião. 'Nunca imaginei que poderia causar tamanho desconforto para
os membros da minha família.'
E até hoje é difícil. A mãe de Sharif disse a reportagem CBN que ainda encara a escolha do filho como um tabu. Para Hosana Mariano, o rótulo que os muçulmanos carregam é preocupante. 'Meu filho fez essa escolha, mas eu não concordo, eu não aceito. Ele sabe disso.'
E até hoje é difícil. A mãe de Sharif disse a reportagem CBN que ainda encara a escolha do filho como um tabu. Para Hosana Mariano, o rótulo que os muçulmanos carregam é preocupante. 'Meu filho fez essa escolha, mas eu não concordo, eu não aceito. Ele sabe disso.'
Na opinião do professor de
comunicação e política da USP, Gaudêncio Torquato, os grupos extremistas, que
usam o Islã como pano de fundo em atos terroristas, ajudam a criar uma falsa
imagem da religião.
Segundo ele, o Brasil tem um histórico de acolhimento de
todas as crenças, mas o pesquisador teme por uma escalada do preconceito no
país. 'Nós não temos ainda um conflito acirrado, mas se percebe uma certa
restrição ou até mesmo uma discriminação.'
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