Festival de fotografia popular na Maré questiona estereótipos sobre favelas – Por Vinícius Lisboa
O Complexo da Maré, na zona norte
do Rio de Janeiro, está sedia o:
1º Festival de Fotografia Popular
O evento cultural
organizado pelo Programa Imagens do Povo, da organização não governamental
Observatório de Favelas, promove até domingo (24/0) oficinas, exposições e
discussões em torno dos esteriótipos sobre os moradores e as favelas.
Coordenadora do Imagens do Povo,
Rovena Rosa disse que o festival é um encontro entre profissionais,
interessados em fotografia, estudantes e pessoas que terão seu primeiro contato
com a área nas mesas e exposições.Nas fotos e debates, serão
abordadas questões como o cotidiano das favelas, a educação e o direito à
cidade.
“Se há um único discurso que é um discurso de violência e de morte, e
as únicas notícias são falando sobre essa violência, quando a gente conta
outras histórias, a gente dá uma visão mais abrangente”, disse Rovena.
Com dez anos, o projeto preparou
200 fotógrafos, sendo grande parte deles morador de favelas do Rio de Janeiro. Depois de
formados, os profissionais são convidados a abastecer o banco de imagens do
programa, que tem uma agência fotográfica com imagens do dia a dia das favelas.
"É a nossa maneira de
mostrar outras histórias desses espaços. Mostrar a beleza, o ponto positivo, a
força e a solidariedade aumenta o repertório das pessoas em relação a esses
espaços", disse.
No primeiro dia do festival, foi
inaugurada a exposição: Em Nome do Sagrado, da fotógrafa Kita Pedroza, na
Galeria 535, no Complexo da Maré. As imagens escolhidas para a exposição
retratam a assistência religiosa em unidades socioeducativas para adolescentes
em conflito com a lei.
Kita conta que o trabalho busca
mostrar outro lado dos jovens. "A sensibilidade foi buscar mostrar que os
jovens, que estão dentro do sistema e que recebem assistência, são pessoas e
têm histórias. É quebrar um pouco o estigma com que esses jovens são vistos
pela sociedade, só como criminosos."
Na experiência de acompanhar a
assistência religiosa, ela conta que pôde ver como é desenvolvida uma relação
entre os jovens e os religiosos que vão às unidades oferecer ajuda.
"Criam-se laços fortes. É um momento em que os adolescentes sentem falta desse
tipo de laço e de afeto."
Contrária à redução da maioridade
penal, Kita espera que o trabalho sensibilize as pessoas a humanizar a forma
como vêem os adolescentes nessa situação.
"Esse olhar mais preocupado com
a questão dos direitos ajuda muito a entender o que está acontecendo e ajuda a
quebrar esse estigma. Ajuda a olhar para as pessoas como pessoas, e não apenas
com a visão de criminosos."
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