Entidades religiosas divergem sobre ensino do tema nas escolas do país – Por Flávia Foreque Brasília
Qual deve ser o conteúdo do
ensino religioso em escolas públicas do país?
Convidadas para falar sobre o
assunto em audiência pública no STF (Supremo Tribunal Federal), diferentes
religiões têm diferentes respostas para o questionamento. Para a CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), deve ser mantido o modelo
confessional, em que são ensinados princípios e valores de uma ou mais
religiões.
"A ordem constitucional
brasileira não é hostil à religião. A propalada laicidade do Estado não pode
ser confundida com ateísmo do Estado ou aversão ao plano espiritual da
existência humana", disse na manhã desta segunda-feira (15/06) o
ex-deputado federal Antonio Carlos Biscaia, em nome da entidade.
Para a Federação Espírita
Brasileira, é preciso adotar o modelo oposto, não confessional, a partir de
estudo de questões como moral e ética. Outros, no entanto, defenderam a
suspensão do ensino religioso.
"Nossa esperança é que o
Estado se posicione deixando ensino religioso na esfera da religião, e não
continue adotando uma postura acanhada. Iniciar alguém em determinada religião
é tarefa da família ou da igreja", disse Vanderlei Marins, em nome da
Convenção Batista Brasileira.
"Esse posicionamento é o
único que permite de fato o cumprimento da laicidade", completou o
advogado Renato Gugliano, em nome da Igreja Universal do Reino de Deus.
O debate acontece diante de ação
da PGR (Procuradoria-Geral da União) que defende uma perspectiva histórica do
ensino religioso, previsto na legislação para alunos do ensino fundamental da
rede pública. A audiência foi convocada pelo relator do tema no Supremo Tribunal Federal, ministro
Luís Roberto Barroso, ainda não há data para o julgamento.
Satanismo
Presidente do Consed (entidade que reúne
secretários estaduais de educação), Eduardo Deschamps, ponderou que os Estados,
de uma forma geral, têm como regra o ensino sem finalidade catequética ou de
uma ou mais religião específica. Segundo ele, "várias experiências"
hoje em vigor indicam que é possível ter um ensino religioso sem privilegiar um
grupo específico. Deschamps citou que, hoje, seis Estados possuem licenciatura
específica para o tema religioso.
Relator da matéria no Supremo,
Barroso convidou líderes religiosos, representantes da educação e entidades que
acompanham o tema, como a Liga Humanista Secular do Brasil. Representante da
entidade, Thiago Viana argumentou que, atualmente, há uma "verdadeira
cruzada" no Congresso Nacional contra direitos básicos de gays, lésbicas, mulheres
e indígenas, por exemplo.
"O modelo confessional é na prática o que
ocorre. E faço uma pergunta para quem defende isso: satanismo e a religião da
maconha vão poder ser ensinados?", provocou. A audiência deve ouvir cerca
de 30 representantes ao longo do dia.
Fonte: https://www.bemparana.com.br
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