Livro mostra que Igreja Católica tem contratado cada vez mais jornalistas – Por Lucas Carvalho*
Uma pesquisa do jornalista e
mestre em Comunicação Midiática Paulo Vitor Giraldi acaba de ser publicada em
um livro chamado:
“Igreja Virtual: Comunicar para Transcender”
A obra explora
um curioso fenômeno recente no Brasil: o aumento no número de jornalistas
formalmente contratados por dioceses e o interesse dessas instituições em
profissionalizar suas relações com a imprensa.
"A proposta do livro
consiste em olhar para este novo universo que se trata da profissionalização da
comunicação institucional religiosa", comenta o autor à IMPRENSA. A obra
mostra que a principal função desses profissionais na Igreja Católica tem sido
a de administrar relações nas redes sociais.
Segundo Giraldi, a Igreja também
tem o dever de acompanhar a evolução das mídias, incluindo a popularização das
redes sociais. Assim, não basta abrir um perfil no Facebook ou no Twitter. É
preciso que as dioceses contratem mão-de-obra especializada para cuidar desses
processos digitais de comunicação.
"Todo o processo precisa ser
qualificado, com formação técnica e humana (orgânica), com pesquisas e
investimentos etc. Vislumbro um futuro tão presente e muito promissor para a
comunicação religiosa, mas que exige novos investimentos e abertura a cultura
comunicacional", acrescenta o jornalista.
Para o autor, porém, as igrejas
devem usar a internet apenas como ferramenta de divulgação de atividades
comunitárias, por exemplo. Ele é contra o uso das redes sociais como espaço
para pregação.
“É ilusão pensar que a internet seja um espaço adequado para
fidelizar as nossas relações. A fidelização passa por uma condição essencial, a
experiência, o contato. Precisamos compreender as funções tecnológicas
oferecidas pelas mídias digitais e o contexto em que estão inseridas”,
ressalta.
Já sobre as mídias tradicionais,
o jornalista é mais reservado. Ele questiona a necessidade de “fortalecer” a
doutrina cristã na televisão, por exemplo, especialmente quando o objetivo é o
que ele chama de “autopromoção” a uma instituição específica.
Além disso,
Giraldi condena o preconceito religioso que, muitas vezes, comunicadores
evangélicos exibem na TV. Postura que, segundo ele, pode acabar motivando
discursos de segregação religiosa na internet.
"O preconceito, o egoísmo, a
falta de respeito pela fé do outro, matam mais que qualquer doença. Se as redes
sociais nos ajudarem a conviver mais com o diferente, a partir de nossa fé, a
superar o pensamento individualista e preconceituoso, com certeza estarão
deixando bons frutos à vida em sociedade", finaliza.
* Com supervisão de Vanessa Gonçalves
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