Viva o Islão – Por Miguel Esteves Cardoso
O direito da liberdade religiosa
vem do mesmo princípio que nos deu a liberdade de expressão.
Recebi um
email racista a dizer que os muçulmanos não acreditam na liberdade de
expressão. E daí? Faz parte da liberdade de expressão ser contra a liberdade de
expressão.
Não há nenhuma religião que goste
da liberdade de expressão. A única religião a ter uma Inquisição assassina foi
cristã e católica e ibérica. As nossas leis contra a blasfémia só há pouco
foram abolidas.
A religião muçulmana é a mais
democrática (no sentido de aceitar todos os que a procuram) de todas. A
religião judaica é propositadamente difícil para quem se queira converter. A
versão católica do cristianismo também se faz cara.
O Islão é contra a liberdade de
expressão porque acredita que a blasfémia é um pecado, como também acreditavam
até há pouco tempo (se é que mudaram) as duas outras grandes religiões
monoteístas.
Os religiosos podem pensar o que
pensam. A grande república francesa, iniciada por Napoleão, foi a primeira a
defender a liberdade de culto dos judeus e muçulmanos, proibindo que os
cidadãos fossem desconsiderados por causa da religião que professavam.
A França magnífica que se
levantou para defender essa mesma república em que não pode haver excepções foi
a primeira a declarar-se livre das religiões: igualmente livre e independente
de todas.
O direito da liberdade religiosa
(de seguirmos a religião que quisermos) vem do mesmo princípio que nos deu a
liberdade de expressão que o Charlie Hebdo exerceu e exercerá sempre
que lhe der na bolha.
Fonte: http://www.publico.pt
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