Festa da Lua reúne Hare Krishnas na Torre Malakoff – Por Rebeca Silva

Incenso, cantos e sons de instrumentos, como o címbalo e o teclado indiano, acalmaram a alma de quem foi neste domingo à Torre Malakof, no Recife Antigo. 

Foi lá que foi celebrado, pela 11ª vez, o ano novo dos Hare Krishnas. A festa acontece agora porque o calendário deles se baseia nas fases da lua e não nas do sol cmo faz o calendário gregoriano. Na ocasião, muita música, teatro, dança, palestra e degustação de comidas vegetarianas gratuitas.

“Eu saio renovada. Isso representa para mim um ato de amor de Deus para a gente. O ser humano veio para isso”, descreveu a comerciante Analice Lourenço, 37 anos. Há 8 anos, quando iniciou na religião, ganhou o nome de Anania Bahakti, que significa amor exclusivo por Deus. A sensação descrita por ela também é sentida, afirmou, aos domingos quando o canto da Japa (um terço cantado 108 vezes) é iniciado no templo. “Começa uma limpeza interior. Tenho um restaurante em Olinda e lá peço ao senhor, durante celebração, que aceite o meu sacrifício. Comecei a cozinhar após entrar na religião. Foi uma benção de Deus. Antes eu procurava a paz em várias religiões e nunca me sentia realizada como me sinto agora”, contou.

A programação começou pontualmente às 17h, com o Bhajan. Nesse momento os adeptos tocam instrumentos e todos cantam sentados. Após isso, foi realizada uma palestra do mestre em teologia Dhanvantari Swami, que coordena o Instituto Jaladuta, em Campina Grande (PB), e esclareceu as questões históricas e culturais. 

Depois foi o momento de uma apresentação de voz e violão, seguida por uma peça teatral de: “O Barqueiro”. O espetáculo é apresentado da mesma forma que ele é feito nas ruas da Índia e faz um paralelo com as travessias da vida. Também houve um mini espetáculo de dança e o Mantra-Catu, uma mistura das melodias indianas com o maracatu.

Na ocasião, o monge carioca Chandramukha Swami foi um dos destaques. Ele é parceiro musical de Nando Reis na faixa “Mantra” e do Quinteto Violado no álbum: “Choveu Mantra no Sertão”. Segundo ele, um dos pontos mais importantes da data é o fato de cantar os Mantras. 

“Estamos vivendo uma era que não temos poder de concentração, temos dificuldade com o desapego. Recomendado é cantar porque é acessível e é o nome de Deus. Você faz conexão direta com ele”, disse.

Com mãe católica e pai espírita, Chandramukh Swami seguiu várias religiões mas foi no hinduísmo que se sentiu mais completo. “Na infância eu era católico. Na adolescência fui para o espiritismo e depois entrei na Yoga, mas sempre me apresentavam a ideia de Deus impessoal, o que não batia com minha convicção. Conheci os Hare Krishna e sua liturgia me agradou muito. Me tornei um cristão melhor”, afirmou o monge, adepto há 35 anos.

História


De acordo com o presidente do Iskcon da Paraíba, Jaya Dasa, foi no ano novo que apareceu, há mais de 500 anos, num dia de lua cheia, a encarnação de Krishna, o Chaitanya Mahaprabhu, que levou conhecimento cultural a todos. 

“Antigamente só as pessoas de castas podiam ouvir o Mantra, que é a libertação da mente e a glorificação dos nomes de Deus. Chaitanya nasceu em uma família de castas. Ele ouviu o a Mantra e disse que todo mundo deveria ter acesso”, explicou Dasa.

O Mantra, segundo ele, é dividido em três pontos: Hare, que é a energia divina, o Krishna, que é o Todo-Atrativo, e Rama, que é a fonte do prazer espiritual. “Isso quer dizer à energia divina: Por favor me ocupe no prazer de servir a pessoa suprema”, destacou.



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