Promover a humanização no cuidar dos doentes/Portugal
A Coordenação das Capelanias dos
Hospitais da Diocese de Coimbra quer reunir esforços de profissionais e
especialistas para que se entenda “a humanização como uma mais-valia” no cuidar
dos doentes.
“O hospital é o local das grandes
notícias, boas e também más e é necessário saber dar boas e más notícias, é
necessário saber comunicar não o fazendo apenas tecnicamente, ou seja, não é
apenas o técnico que comunica com a pessoa tem de ser a pessoa do técnico que
comunica com a pessoa que está doente”, disse à Agência ECCLESIA o padre José
António Pais, capelão dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) e
coordenador dos capelães dos Hospitais da Diocese de Coimbra.
O responsável falava durante um
simpósio sobre o tema: ‘Comunicar com Rosto’, dedicado aos profissionais de
saúde, que decorreu entre quinta e sexta-feira.
Para ensinar “as pessoas a
comunicar” têm sido organizados vários eventos e cursos para ajudar os
profissionais de saúde, algo essencial porque “a humanização é uma mais-valia,
não gasta dinheiro porque está dentro de cada um”, revelou.
Para tal “é determinante que se
tenha a consciência de que um hospital não pode ser só regido por questões
económicas, mas sobretudo por questões humanas”, porque “muitas vezes pode até
faltar algum material mas se não faltar o coração, a ternura, o afeto, o
respeito para com o doente já quase que nem é preciso dinheiro”, explicou o
capelão dos HUC.
O pediatra Filipe Almeida
coordena um grupo de humanização no Hospital de São João no Porto onde trabalha
e lembra que “os profissionais de saúde não lidam com doenças, mas sim com
doentes” e por isso “são indissociáveis as capacidades de preparação
científica, tecnológica para dar resposta às doenças, mas inserida no meio real
que é o humano sendo preciso estar preparado para conhecer e acompanhar o
doente que é quem tem a doença”.
“Num tempo de contenção económica
a humanização deve ser o patamar que mais facilmente é acolhido pelas
instituições porque é o que menos custa dinheiro por isso não há questões
orçamentais que possam obstaculizar o desenvolvimento da humanização”, pelo
contrário “é exatamente nesta altura que se deve perceber que o investimento em
humanização vale a pena”, acrescenta.
“É importante que a avaliação das
instituições e dos profissionais de saúde se faça também nesta vertente sob
pena de a esquecermos e valorizarmos apenas aquilo que é o caráter científico,
de produtividade, de contenção económica que têm muita importância mas não
podem ser os últimos rankings para avaliar”, concluiu.
Magda Freitas, enfermeira no
Centro Hospital Tondela-Viseu acredita que “a enfermagem tem duas componentes:
a ciência e a arte de cuidar” sendo que “é essencial que a parte científica não
seja descurada” tendo sempre a seu lado “o lado humano, deixando fluir de uma
forma consciente e formada o cuidar do doente”.
“A redução do número de
enfermeiros, o aumento do número de doentes, a falta de espaço para colocar os
doentes faz com que se viva a profissão sob muita pressão de termos de
corresponder ao pedido do aumento de produção e das burocracias que nos são
pedidas, mas o humanismo vai ficando sempre dentro daqueles que exercem a
profissão com alma e acaba por transparecer sempre”.
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