Igreja pentecostal tem crescimento veloz na Coreia do Sul
O próximo culto dominical começa
às 11h. Mas, às 9h, as ruas ao redor da Igreja Yoido do Evangelho Pleno já
estão abarrotadas. Fiéis saem do metrô,
do carro, do ônibus fretado vindo do interior.
Quem quiser sentar-se no salão
principal dessa igreja pentecostal tem de chegar cedo. Não que sejam poucos os
lugares, são 12 mil. Mas a Yoido congrega quase um milhão de
seguidores, e os cultos estão sempre lotados.
Essa "megaigreja", das
maiores do mundo cristão, é o exemplo canônico do fenômeno sul-coreano que é a
ascensão da igreja protestante.
Na década de 50, protestantes
eram por volta de 2% da população. Hoje, são 34,5%. Nesse passo apressado,
rumam para superar os budistas (43%) como religião majoritária na Coreia do
Sul.
É um fenômeno ainda a ser
explicado. Mas analistas apontam o momento estratégico da fundação da Yoido, em
1958. Durante o primeiro culto, havia cinco pessoas.
O reverendo Yonggi Cho, fundador
da igreja, falava de ambições alcançáveis. "Tudo é possível" era um
de seus mantras, uma mensagem com particular eficiência naquele momento
histórico.
Após dividir-se e guerrear com a
contraparte do norte, a Coreia do Sul era um dos países mais pobres do mundo.
"Com a ajuda do
Espírito Santo, por meio da oração, você pode ter uma vida de abundância",
diz um folheto da Yoido distribuído aos presentes antes do culto.
O folheto é o menor dos mimos aos
visitantes forasteiros. Há portão de entrada e guia específicos para eles,
assim como há também um "elevador para estrangeiros".
O culto, ministrado em coreano,
conta com tradução por fone de ouvido em inglês, japonês, chinês, espanhol,
francês, russo, indonésio e árabe, a depender do horário. No domingo, são sete
ritos.
O sermão é adaptado também ao
público jovem, durante cultos específicos e nos estudos dirigidos da Bíblia.
"Venho desde... que
nasci?", diz Kim Dong Jin, 19, antes do culto de domingo. Ele assiste ao
rito em uma construção reservada a adolescentes no complexo Yoido, que ocupa
quase um quarteirão, em Seul. "Me sinto relaxado."
KARAOKÊ
A estrutura tamanho família da
igreja conta com estantes forradas de envelopes com o nome de doadores. No hall
de entrada, há caixas eletrônicos para sacar dinheiro.
O culto se parece com um karaokê
gigante intercalado pelas leituras do pastor. Há coral, orquestra de cordas. Em
uma das telas com alta definição, a letra das músicas é projetada em japonês,
chinês, coreano e inglês.
Os fiéis acompanham cantando e
batendo palmas. Um deles, no entanto, se incomoda
com a reportagem da Folha. Pede que o repórter desligue a câmera
fotográfica, pare de fazer anotações, de perguntar tanto. "Está
atrapalhando o ritual."
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