OAB e direitos humanos – Por João Baptista Herkenhoff*
A Conferência Internacional dos
Direitos Humanos a ser promovida pela OAB, em Vitória, no próximo mês, é celebração de
tão alta importância que não me posso considerar exonerado do dever de
exaltá-la com o artigo já publicado.
Creio oportuno começar este texto com uma
advertência do papa João Paulo II, feita em 8 de dezembro de 1981: "Fazem
obra de paz aqueles que se aplicam em despertar a atenção para os valores das
diferentes culturas, para a especificidade das sociedades e para as riquezas
humanas de cada povo".
Nesta linha de reflexão
afirmamos, numa primeira abordagem, que os direitos humanos não são monopólio
do Ocidente ou de um credo religioso.
O cristianismo, o judaísmo, o islamismo, o budismo, o taoísmo, o confucionismo, o marxismo, a religião e as tradições filosóficas dos povos indígenas da América Latina, a religião e o legado cultural e humano afro-brasileiro, todas essas religiões, tradições e sistemas filosóficos afinam com as ideias centrais dos direitos humanos.
O cristianismo, o judaísmo, o islamismo, o budismo, o taoísmo, o confucionismo, o marxismo, a religião e as tradições filosóficas dos povos indígenas da América Latina, a religião e o legado cultural e humano afro-brasileiro, todas essas religiões, tradições e sistemas filosóficos afinam com as ideias centrais dos direitos humanos.
Grousset, Gautier,
Gaudefroy-Demombynes, Gardé, Massé, Sourdel, Castoriadis visitaram Índia,
China, Japão e mergulharam nos livros de algumas das religiões que maior
influência tiveram na História.
Concluíram que uma linha ética aproxima as fontes do sagrado, nas diversas
latitudes, muito além do que ideias preconcebidas poderiam supor.
No
reverso, Collange, Duquoc, Marty buscaram escutar outras vozes, que não apenas
as do cristianismo, na construção de uma Teologia dos Direitos Humanos.
As religiões em geral têm uma
pretensão universalista, firmam-se no princípio de que a respectiva mensagem
endereça-se à Humanidade inteira. Procuram motivar as
pessoas à conversão.
Não obstante esse caráter
universalista da religião, um elo de compreensão pode estabelecer-se através da
tolerância e da comunicação entre as diferentes crenças e sistemas filosóficos.
Não se trata da comunicação impositiva mas daquela baseada no respeito e na
abertura para ouvir. Só a humildade permitirá às Igrejas a aceitação da
historicidade de suas formas concretas de existência.
Se a boa vontade pode transpor
barreiras entre cristianismo e religiões não cristãs, muito mais fácil
será o aperto de mãos entre católicos, evangélicos, espíritas. O diálogo
interconfessional muito poderá contribuir para o avanço dos direitos humanos.
Paralelamente
a essa busca de sintonia, no plano da fé, uma outra busca, no plano
civil e jurídico, poderá aglutinar forças com o mesmo objetivo de cultivar os
direitos humanos. Para a missão de liderança no mundo leigo creio que nenhuma
instituição estará mais bem talhada do que a Ordem dos Advogados do
Brasil.
*João Baptista Herkenhoff,
professor, é pesquisador da Faculdade Estácio de Sá do Espírito Santo e
escritor. - jbherkenhoff@uol.com.br
Fonte: http://www.jb.com.br
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