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Mostrando postagens de janeiro 29, 2015

Choque de civilizações ou choque de ignorâncias? – Por José Carlos Janela

Na sequência dos atentados contra o semanário satírico “Charlie-Hebdo” , contra o supermercado “casher” na Porte de Vincennes e ainda da grande Marcha Republicana muitas são as vozes que se têm feito ouvir.  Entre estas avulta a de Claude Dagens, membro da Academia Francesa, “Agrégé” de Letras e Bispo de Angoulême. Entrevistado pelo semanário “La Vie” (n° 3620, de 15 a 20 de Janeiro de 2015, p. 29) declara que o primeiro sentimento provocado pelos atentados é o horror e logo a seguir, o medo, medo esse que traz a divisão entre os Seres Humanos, dando-lhes a impressão que são inimigos uns dos outros, sobretudo entre Judeus e Muçulmanos. E continua sublinhando a necessidade de cultivar a confiança entre as pessoas.  Para isso, diz textualmente: “É preciso recusar a ideia de uma guerra de civilizações […] porque não se trata de um choque de civilizações mas de um choque de ignorâncias. […] A perversão terrorista, diz, não é uma deriva da religião, é um projecto de

Entre o amor e o ódio, Deus e o conhecimento. A complexa história jesuítica

"É impressionante que, ao longo dos séculos, até o presente, os jesuítas foram criticados e, por vezes, temidos e odiados, pelas mesmas razões” , argumenta o pesquisador.  Alvo de amor e ódio, dentro e fora da Igreja, a história jesuítica ultrapassa os 450 anos, cujo primeiro capítulo foi escrito por Inácio de Loyola e o mais atual pelo Papa Francisco, o primeiro integrante da ordem eleito Bispo de Roma. "Os jesuítas atraem críticas desde seus primeiros anos. Naqueles anos, eram principalmente por dois motivos: em primeiro lugar, ao contrário das ordens mais antigas, eles estavam centralizados em Roma, e os membros de suas comunidades podiam vir de várias nações. Isso fez com que parecessem estrangeiros, de fato, estrangeiros indesejáveis”, explica o professor doutor, pesquisador e teólogo John W. O’Malley, em entrevista por e-mail à IHU On-Line.  "Eles não aparentavam ser ‘verdadeiros’ membros de uma ordem religiosa. Eles não usavam um hábito distintivo; el

Livro revela um Jesus histórico e revolucionário

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Escrito pelo autor iraniano (radicado nos Estados Unidos ) Reza Aslan, estudioso em Teologia, PHD em História das Religiões, professor da Universidade da Califórnia e com 20 anos de estudos das origens do Cristianismo, o livro: "Zelota: A vida e época de Jesus de Nazaré” retrata um Jesus histórico e o contexto político e religioso da Palestina do século I.  Criticado por ser um muçulmano escrevendo sobre Jesus, Aslan argumenta que escreveu o livro na qualidade de acadêmico e estudioso.  O autor recupera uma antiga versão do Cristianismo, em voga nos anos 1960 graças à Teologia da Libertação, que misturava cristianismo com marxismo.  Segundo Aslan, Jesus foi um revolucionário, cujo objetivo principal era expulsar os romanos da Judeia, criar um reino de Deus na Terra e assumir seu trono.  Ele descreve um homem cheio de convicção, paixão e contradições, relatando quem foi Jesus de Nazaré antes de se transformar no Filho de Deus, cultuado pelos cristãos.

Afrontando o dogma da economia – Por Marcus Eduardo de Oliveira

Amarrados a uma visão econômica míope, muitos ainda não conseguem enxergar que a crise ecológica e energética é muito mais grave que a econômica. No centro da discussão que acontece entre a economia e a ecologia, está a disponibilidade e o uso da energia, a escassez de recursos naturais e o esgotamento dos ecossistemas frente a estapafúrdia ideia corrente de fazer a economia crescer para, com isso, levar bem-estar aos povos, numa visão estreita e rasteira que procura dar conta que a aquisição material responde, sobremaneira, pela qualidade de vida. Desde que o "mercado” foi elevado à condição de divindade capaz de ditar todos os valores, a política de crescimento econômico se projetou, na economia global, como a condição indispensável para realizar o progresso de todos, tanto do Estado, quanto dos indivíduos e as instituições. Crescer economicamente passou a ser espécie de lei suprema para os governos, pouco se importando se, para isso, as leis da natureza podem