“O desafio e o fardo do tempo histórico” - István Mészáros no Brasil



Palestra de István Mészáros em São Paulo (USP) para o lançamento de seu último livro, “O desafio e o fardo do tempo histórico”


Por Marcel Gomes


O Filósofo Marxista István Mészáros está no Brasil para o lançamento de seu último livro, “O desafio e o fardo do tempo histórico” (Boitempo, R$ 57), considerado um dos maiores marxistas vivos, realizou duas concorridas conferências nesta semana, uma Florianópolis e outra em São Paulo.


Com uma abordagem teórica que não perde o vínculo com a realidade contada nos jornais, Mészáros defendeu a essencialidade da crítica ao capital para projetos de emancipação do indivíduo – um tema e tanto para as esquerdas que buscam alternativas à globalização neoliberal.A TV Carta Maior gravou a conferência realizada quarta-feira (21) na Universidade de São Paulo e na próxima semana disponibilizará o vídeo, com tradução simultânea, em sua página na internet.


Em quase uma hora de uma palestra dada em inglês, o filósofo discutiu conceitos da tradição socialista, sempre considerando “o longo período de gestação de cada um deles ao longo da história”. Sua abordagem evitou o dogmatismo e ressaltou o vínculo entre teoria e prática, sem perder de vista que o objetivo da teoria socialista é apontar soluções para os mais graves problemas da humanidade.Em busca do significado dos conceitos, Mészáros analisou a construção histórica de conceitos como o do "trabalho", dentro da atividade produtiva, e o da "igualdade", entendida em seu sentido substantivo, que vai além da divisão das coisas materiais e deve ser compreendida, segundo ele, como algo que reflita um elevado grau de justiça nas trocas sociais.“Igualdade substantiva não é apenas um dos princípios orientadores do projeto socialista. Ela ocupa uma posição-chave entre as categorias gerais da alternativa hegemônica do trabalho. Os outros princípios da estratégia socialista só podem adquirir significado total em conjunto com a noção de igualdade substantiva”, disse Mészáros.


Nesse sentido, o filósofo considera que os valores necessários ao "modo de controle metabólico social do capital" são inadequados para a instalação da ordem socialista. Referências à “liberdade” e à “democracia” têm sido, afirmou, “cinicamente usadas a serviço da opressão e, freqüentemente, mesmo em função da mais brutal violência, do Estado policial e de genocídios militares”. Projetos emancipatórios necessitam, portanto, de uma crítica aos mecanismos de dominação do capital, que costumam ser perdidos em propostas reformistas, parlamentares e nas chamadas de “terceira via”.


Como alerta Mészáros, esse trabalho tem de começar a partir de práticas emancipatórias, para as quais o pensamento teórico, em seqüência, possui função essencial. E, para Mészáros, tudo isso é tarefa urgente. Como diz o texto de divulgação de seu último livro, a escolha a ser feita não é entre socialismo e barbárie, mas entre socialismo e extinção.


Fonte: Carta Maior

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