SUBUD

Alexandra Asseily, Patrice Brodeur, Amalia Dickie. Facilitators and founding members of the Subud Peace Forum



O Subud "não é uma religião nem uma seita", é um "movimento espiritual" que reúne em Portugal cerca de 70 pessoas num "exercício de adoração a Deus" e à "força da vida", segundo Raul Martins, representante do grupo. "Religião não é, porque os nossos membros praticam as diferentes religiões, e não é uma seita [onde] as pessoas entram e depois não podem sair", disse à Lusa Raul Martins, presidente da Associação Subud de Portugal (ASP). O Subud surgiu na Índia em 1933 e "Bapak" foi "o jovem a quem esta manifestação espontânea aconteceu pela primeira vez", explicou. Hoje existe em cerca de 80 países, entre os quais Portugal, onde foi legalizado em 1977.

Segundo Raul Martins, antes do 25 de Abril de 1974 "fazia-se 'latihan' em casa uns dos outros e havia receio de que a PIDE [a polícia política] interviesse". "'Latihan' é um exercício espiritual, que temos por hábito fazer na sede duas ou três vezes por semana, não somos obrigados a ir", explicou Isabel Diniz, também membro Subud. Raul Martins explicou que se trata de "uma adoração a Deus para as pessoas que acreditam em Deus [e para] os que não acreditam é a força da vida, que se manifesta por movimentos do corpo, cânticos… É uma espécie de vibração espontânea do ser interno".

Para Isabel, que não acredita em Deus mas na "energia do cosmos", o exercício praticado em grupo (separados por sexos) é a "disponibilidade e entrega de nos submetermos a uma energia interior". Para Raul Martins, católico, é "uma manifestação do Espírito Santo" que associa ao "despertar da alma". Raul Martins é arquitecto e membro desde 1969, tendo adoptado o nome "Muchtar". "No Subud, quando se manifesta dentro de cada um a necessidade de procurar o verdadeiro nome, procuramos, [mas] não é obrigatório", continuou. Também Isabel optou por mudar o nome para Daniela.

Tanto Raul como Isabel dizem que o Subud é "muito aberto", pois Bapak apenas deixou "orientações": "Ele encorajava as pessoas a fazerem as suas pequenas empresas ou terem a sua profissão", ilustrou Raul, destacando que Bapak também pedia que fossem solidários e doassem parte da sua riqueza. "Não temos regras, a regra é interior e individual" garantiu Isabel. O Presidente da ASP considera o Subud "aglutinador": "É muito interessante ver pessoas de várias religiões na mesma sala a fazer o seu exercício espiritual, um a rezar e a dizer coisas em árabe, outro a fazer um cântico cristão".

Raul acrescentou que Bapak sempre se esforçou por "não dizer nada que fosse contra os princípios base das grandes religiões" e que "há pessoas na alta hierarquia da Igreja católica que sabem o que é o 'latihan', o receberam e o praticam". Os interessados em entrar na ASP têm de ser maiores de idade e submeter-se a "três meses de probacionismo" em que são acompanhados por "ajudantes" que por fim lhes dão "o contacto", explicou Maria Raquel Guerra que, com 77 anos, é "ajudante". Os cerca de 70 membros portugueses do Subud "colaboram e fazem os seus donativos" para a Associação de Solidariedade Subud, que abriu as portas em 1982 com um jardim-de-infância. "Trabalhamos para uma população carenciada. Com cerca de 70 por cento dos agregados familiares no limiar da pobreza, aquilo que pagam é de acordo com os rendimentos", esclareceu Isabel Diniz, directora da Associação. Actualmente, esta Instituição Particular de Solidariedade Social recebe bebés a partir dos quatro meses, desenvolve trabalhos com jovens até aos 20 anos e tem também acções de educação.

Fonte: http://www.acorianooriental.pt

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