Jordânia é considerada modelo de coexistência entre as religiões – Por Leandro Meireles Pinto



O Reino Hashemita da Jordânia, Oriente Médio, é um país predominantemente muçulmano.
Os jordanianos, no entanto, se orgulham em dizer que a tolerância religiosa e a boa convivência entre os povos é uma das características do país. Cerca de 92% da população de 6,3 milhões de habitantes é composta de muçulmanos sunitas e outros 2%, de muçulmanos xiitas. Os cristãos são uma minoria de 6%, divididos especialmente entre gregos ortodoxos e católicos. Apesar de terem população menor, os cristãos compõem cerca de 15% do Parlamento jordaniano. Em uma região que reúne o berço das três maiores religiões monoteístas - o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo - a Jordânia é um país em que há convivência pacífica entre seus cidadãos de diferentes crenças. "A Jordânia é um exemplo de relação entre as religiões. Existem as fronteiras políticas, mas a fé é uma só", afirma Salim Sayegh, bispo de Amã e autor do livro "Jordânia: o guia da peregrinação". De acordo com o Vaticano, cerca de 109 mil católicos vivem na Jordânia. Durante a visita de Bento 16, diversos locais emblemáticos e sagrados para o cristianismo serão visitados e abençoados, como o Monte Nebo, onde, segundo a tradição cristã, Deus mostrou a Moisés a terra prometida, assim como Jerusalém (12 de maio), Belém (13) e Nazaré (14). Mas o papa também tem espaço na agenda para contemplar outras religiões. No próximo sábado, Bento 16 terá um dos mais simbólicos eventos em sua agenda na Jordânia. Ele fará uma visita à mesquita Al Hussein bin Talal e se encontrará com líderes religiosos muçulmanos. Desde 2006, quando Bento 16 fez um discurso no qual associava Maomé e o Islã à violência, a relação entre a cúpula da Igreja Católica e o Islã ficou estremecida. "Assim como fez na Turquia, ele visitará mais uma vez uma mesquita. Desta vez, na Jordânia. O gesto do papa de orar em uma mesquita foi um dos mais importantes e significativos. Mostrou a vontade de conversar e de paz de Bento 16", afirma o teólogo Fernando Altameyer, professor da PUC-SP.

Nada que possa abalar a convivência religiosa jordaniana, no entanto. Com uma grande quantidade de muçulmanos no país, é comum ver igrejas e mesquitas lado a lado, mulheres usando o shia, lenço que cobre a cabeça e os braços, ao lado de mulheres sem nenhuma proteção. "Um dos principais aspectos desta viagem do papa é o diálogo entre o Islã e o cristianismo. Aqui na Jordânia, nós não nos tratamos por diferenças religiosas. Nós não somos diferentes, somos irmãos", afirmou o padre padre Rifat Bader, porta-voz da Igreja Católica na Jordânia. A Constituição garante liberdade religiosa ao povo e as escolas públicas e privadas recebem alunos cristãos, muçulmanos e judeus, sem fazer restrições à religião. "Somos cidadãos da Jordânia, não viemos de outro país. Nós não fazemos guetos cristãos ou muçulmanos. Vivemos juntos aqui há 1.400 anos", afirma o bispo Selim Sayegh. "A Jordânia sempre foi um modelo de coexistência entre as religiões e é um exemplo que deve ser seguido pelo resto do mundo", conclui o padre Riaft Bader.

Fonte: adaptado de: http://ultimosegundo.ig.com

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