Autor do clássico “A Ditadura dos Generais” e “A República das Elites” recebe elogios de José Saramago


A ampla repercussão que a obra do escritor Agassiz Almeida alcançou, desde meados da década de 90, proporcionou o reconhecimento do autor como um dos grandes ensaístas brasileiros, destacadamente por seus livros A República das Elites (2004) e A Ditadura dos Generais (2007), ambos publicados pela editora Bertrand Brasil, do grupo Record. Trata-se de uma trajetória construída sobre os pilares da humildade e da persistência na pesquisa e nos estudos, a despeito da distância da grande mídia situada no eixo Rio-São Paulo e da falta de apoio de renomados centros acadêmicos. Notório por sua biografia no campo da política, sendo um dos mais ativos integrantes da Assembléia Nacional Constituinte de 1988, nos meados da década de 90 Agassiz assumiu seu dom literário. A partir daí, dedica-se aos ensaios, nos quais abarca os mais variados assuntos; desde a análise critica da Carta de Pero Vaz de Caminha, com o livro 500 anos do povo brasileiro (2001) ao mais recente, A Ditadura dos generais, em que trata da origem e desfecho do militarismo na América Latina.Um clássico
No livro A Ditadura dos Generais, o escritor Agassiz Almeida aprofunda um largo ensaio sobre as raízes do militarismo sul-americano, cuja origem embasou-se no militarismo alemão nos finais do século XIX. Obra de grande fôlego, hoje é considerada um clássico pela maneira como analisa a extensão deste fenômeno político com desfecho ocorrido a partir do Golpe Militar de 1964, no Brasil. De um encontro de Agassiz Almeida com o escritor argentino Ernesto Sábato, em 1984, em Bueno Aires, nasceu este livro A Ditadura dos generais. A obra é considerada pela crítica como um trabalho de largo alcance, conquistando ampla repercussão nos mais diversos segmentos políticos e intelectuais do país, desde centros de estudos universitários a congressos internacionais. No Congresso Mundial de Genealogia e Sociologia, realizado em São Paulo, no ano passado, foi apresentada moção de congratulação pelo sociólogo George Gomes, que considerou a obra de Agassiz Almeida como uma das mais relevantes da contemporânea literatura brasileira no campo do ensaio, ressaltando a profundidade como foram estudados os temas do elitismo, do intelectualismo e do militarismo na América Latina.

Uma descoberta

Após pesquisa que realizou em finais da década de 90, em Lisboa (Portugal), Agassiz chegou à conclusão de que a Carta de Pero Vaz de Caminha foi preparada em Lisboa, por determinação de D. Manoel, então rei de Portugal, antes do embarque da armada para o descobrimento do Brasil. A conclusão foi baseada, segundo Agassiz, nestas razões, entre outras: “A carta foi bem escrita e de bom estilo literário, impossível de ser redigida por um semi-analfabeto, como também nela não consta nenhuma rasura, fato surpreendente após 44 dias de viagem no ano de 1500, elaborada em 27 folhas de pergaminho, com caneta equivalente a pena de ave”. O jornalista Mauricio Azedo, presidente da Associação Brasileira de Imprensa(ABI), considera o livro A Ditadura dos generais, como uma das grandes obras da nossa literatura, e o seu autor um dos nossos melhores ensaístas: “Agassiz Almeida analisou com profundidade a hidra militarista que desabou por algumas décadas sobre a América Latina, deixando um rastro de torturas, mortes e desaparecimentos de mortos”, destacou o dirigente da ABI.Durante o lançamento do livro A Ditadura dos generais, no Congresso Nacional, em Brasília, em 2007, após ser saudado por vários parlamentares e intelectuais, o escritor Agassiz Almeida homenageou a memória do jornalista Wladimir Herzog, seu companheiro de lides políticas, assassinado nos porões do II Exército, em São Paulo, em 1975.

Elogio
Em 2004, è lançado o livro A Republica das Elites, de Agassiz Almeida, com prefácio do Padre José Comblin, um dos maiores teólogos da atualidade. A obra mereceu do escritor Nobel de Literatura, José Saramago critica elogiosa pela profundidade como o escritor brasileiro analisou o elitismo, dissecando este fenômeno desde as suas origens lusitanas, passando pelos séculos da colonização até os dias atuais. No livro A República das Elites, Agassiz ressalta que o país sempre foi asfixiado por uma das mais perversas elites do mundo, em todos os setores, do político ao financeiro. A Câmara dos Deputados, onde Agassiz Almeida atuou como deputado constituinte na elaboração da vigente Constituição Federal, homenageou o seu trabalho na Assembléia Nacional Constituinte e a sua obra literária, no campo dos ensaios, através dos seus livros A República das Elites e A Ditadura dos Generais. Entre os protagonistas da homenagem na Câmara, a deputada Jô Morais, líder do PC do B, destacou a importância da obra literária de Agassiz Almeida para as atuais gerações, em face da profundidade como é analisado o fenômeno do militarismo que ocorreu na América Latina, a partir do Golpe Militar em 1964, no Brasil, num dos mais sombrios períodos da história latino-americana. Já o deputado Edmilson Valentim, constituinte de 1988, como Agassiz Almeida, destacou a atuação do constituinte paraibano na elaboração da atual Constituição Federal. Em relação à obra lierária, ele considerou o escritor Agassiz Almeida como um dos grandes ensaístas brasileiros, no naipe de Euclides da Cunha, Roberto Simonsen, Caio Prado Junior, Raimundo Faoro, Manoel Bonfim e Sérgio Buarque de Holanda. No seu discurso, Valentim destacou ainda esta frase de Agassiz Almeida: “somos egressos de uma geração indignada que desafiou o absurdo do militarismo e sustentou no fundo do abismo a esperança e o ideal conspurcados”.

Fonte: http://www.diariodaamazonia.com.br

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