Descrença no futuro - Por Alfried Karl Plöger




















São preocupantes as conclusões de análise realizada, com base em estatísticas de países latino-americanos, pelo professor Gonzalo A. Saraví, do Centro de Investigações e Estudos Superiores em Antropologia do México.

Ele observa que os jovens de segmentos vulneráveis valorizam cada vez menos a escola e o trabalho como mecanismos de mobilidade e ascensão social, enquanto o consumo de bens materiais e itens da moda se potencializam entre eles como elementos de inclusão e símbolos de identidade. Mais lamentável, ainda, é a evidência de que a juventude está cada vez mais convencida de que a educação formal é incapaz de melhorar as condições de sua vida. Descrédito semelhante é conferido ao mercado de trabalho, visto com crescente ceticismo como meio capaz de tirar pessoas da pobreza. A partir desta inversão de valores, abrem-se as portas da marginalidade. A desesperança quanto à escola e ao trabalho suscita a delinquência e todas as condutas ilícitas.

Há que se considerar um dado muito relevante do estudo: o índice de evasão escolar continua elevado na média dos países da América Latina. O ensino público universal, como ocorreu no Brasil, massificou-se, é verdade, com oferta de vagas suficiente para atender à demanda de matrículas. Entretanto, a qualidade continua baixa, somando-se a outros fatores agravantes, como saúde precária e ausência de políticas sociais paralelas. Por isso, segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), mais da metade das pessoas na faixa etária entre 20 e 24 anos não completa 12 anos de estudo, período mínimo indicado pelos especialistas como necessário para os indivíduos romperem a linha da pobreza.

Há algo muito errado! Trata-se de um alerta gravíssimo quanto à ineficácia das políticas públicas de inclusão social e de uma tácita denúncia quanto à fragilidade, inadequação e desvirtuamento dessa nobre e verdadeira instituição da humanidade chamada escola. Neste quadro, é imensa a responsabilidade do Estado.

Fonte: http://www.clicrbs.com.br

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