Karen Armstrong – Por Eduardo Ferraz da Rosa

Faz agora precisamente um ano – 2008, recorde-se, fora escolhido pela União Europeia para assinalar o Diálogo Intercultural – teve lugar em Lisboa mais uma Conferência Gulbenkian, que contou com as intervenções de mais de uma dezena de especialistas nacionais e estrangeiros (entre os quais Jorge Sampaio, Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações) e que ali abordaram múltiplas questões relacionadas com as possibilidades e os limites da Interculturalidade.

A Conferência, assumida pela própria FCG como o culminar do seu Programa "Distância e Proximidade", trouxe aquele tema a debate em Portugal com um programa cultural diversificado e comissariado por Arjun Appadurai, uma das individualidades mundiais que mais tem reflectido "sobre as questões da violência cultural, do reconhecimento da diferença cultural como valor da modernidade e sobre as consequências da globalização cultural, nomeadamente aquelas que mais dizem respeito aos novos paradigmas de políticas sociais e dos Estados face à circulação, à escala global, das pessoas e das suas narrativas".

Ora na sequência desse fórum internacional – onde o cruzamento de diferentes perspectivas e abordagens permitiu uma importante reflexão sobre várias e momentosas dimensões da Interculturalidade, com a participação nas Conferências de conhecidas personalidades das Ciências Sociais e Humanas, da História de Arte e da Literatura (como o próprio Appadurai, Dipesh Chakrabarty, Eunice de Souza, Filip De Boek, Jorge Vala, Karen Armstrong, Katerina Brezinova, Manuela Ribeiro Sanches, Ming Tiampo, Mustapha Tili, Ruy Duarte de Carvalho, Sherifa Zuhur, Emílio Rui Vilar e António Pinto Ribeiro) –, acaba de ser publicada em livro (Podemos viver sem o Outro? , 2009) uma Colectânea das principais intervenções proferidas durante aquela Conferência. Mas vem hoje também a propósito da referida Conferência e da publicação das respectivas intervenções um outro recente livro (2009), precisamente da autoria de uma das mais distintas e conhecidas personalidades ali então presentes:


Refiro-me a Karen Armstrong e à sua obra: Grandes Tradições Religiosas – O Mundo no Tempo de Buda, Sócrates, Confúcio e Jeremias (original inglês de 2006). Muito aclamado e logo classificado pelo The New York Times como "o livro perfeito para quem procura o significado profundo da religião", Armstrong, na sequência aliás de outros conhecidos estudos (não editados em Portugal) sobre a História das Religiões, narra aqui – partindo da tão sugestiva e pertinente teorização de Karl Jaspers sobre a chamada Era Axial – a génese e evolução das principais tradições religiosas, teológicas e filosóficas do Mundo, e que tem norteado a Humanidade até aos nossos dias: Confucionismo e Taoismo, Hinduísmo e Budismo, Monoteísmo em Israel e Racionalismo Filosófico na Grécia. É leitura que recomendamos hoje, pela solidez e rigor das suas abordagens, tanto mais quanto os OCS (uns mais letrados, outros nem tanto…) continuam rodando à volta de Saramago e das suas desafiantes narrativas e discursos, paradoxos, sofismas e paralogismos, por entre antagónicas e clamorosas mediocridades críticas, sólidas desmontagens hermenêuticas, apologias de seita e um rosário de hipócritas censuras…Lá iremos, em próxima crónica.

Fonte: http://www.azoresdigital.com

Comentários

Meu caro,

Obrigado por ter reproduzido o meu texto. Todavia, certamente por lapso, o meu nome vem alterado.
De facto, o nome correcto é Eduardo Ferraz da Rosa, como pode verificar-se na fonte (www.azoresdigital.com).
Agradeço a correcção.

Melhores cumprimento.

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